Campanha publicitária de Projeto Legado de Brumadinho clama: amanhã pode ser tarde para salvar uma vida
Elis, de 24 anos, é vítima do maior acidente de trabalho do Brasil, o rompimento da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho
Campanha de comunicação pública, além de combater a negligência, reforça a urgência de ações concretas de prevenção acidentes de trabalho. Com depoimentos reais, linha da campanha faz homenagem às 272 vidas perdidas no rompimento da Mina Córrego do Feijão
O Projeto Legado de Brumadinho* lançou a campanha publicitária #AmanhãPodeSerTarde, que tem como desafio colocar na agenda nacional o valor do trabalho seguro. Nos últimos dez anos (2012-2021) foram registradas 22.954 mortes no mercado de trabalho formal no Brasil, uma média de 7 vítimas fatais por dia, segundo o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, desenvolvido e mantido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em cooperação com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Idealizado pela AVABRUM (Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos da Tragédia do Rompimento da Barragem Mina Córrego Feijão, e desenvolvido pela Sabic – Associação dos Amigos das Bibliotecas Comunitárias, Projeto Legado de Brumadinho conta histórias de vida ceifadas pela tragédia, por meio de depoimentos e informações de familiares que perderam entes queridos no rompimento da barragem em Brumadinho.
Vidas como a de Elis Marina da Costa, de 24 anos, que era técnica de segurança de trabalho; a do mecânico Thiago Mateus Costa; a da técnica em manutenção Priscila Elen da Silva, de 21 anos, e outras 269 vítimas fatais.
A presidente da AVABRUM, Alexandra Andrade, afirmou que a campanha tem o objetivo de combater o risco do esquecimento da tragédia. “Trabalhadores e trabalhadoras morreram no local de trabalho, além de turistas que estavam no seu lazer e moradores em suas casas. Queremos com essa campanha fazer um alerta para que as pessoas possam ir para o trabalho, voltar para casa e reencontrar a família. Tragédias evitáveis, como a ocorrida em Brumadinho, não podem acontecer nunca mais em nosso país”, disse.
A ideia é incentivar na sociedade a reflexão e discussão de temas do âmbito da segurança do trabalho que, se tivessem tido a atenção necessária no passado, poderiam ter evitado o maior acidente de trabalho da história do Brasil, quando um tsunami de 12,7 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério de ferro matou 272 pessoas em Minas Gerais, no rompimento da Barragem da Mina do Córrego do Feijão, da Vale, na cidade de Brumadinho.
‘Amanhã pode ser tarde’
A frase-chave tem a vantagem de ter uma visualização mais rápida e marcante. O slogan reflete dois aspectos fundamentais em relação à prevenção de acidentes de trabalho: a responsabilidade e a urgência.
É urgente porque não se pode adiar uma atitude preventiva. Deve-se agir imediatamente quando o tema é proteger os trabalhadores no ambiente de trabalho. Vidas humanas e o meio ambiente devem ser colocadas em primeiro lugar, por isso a segurança é prioridade.
Outro apelo é a responsabilidade. Todas as pessoas envolvidas em uma atividade profissional são igualmente responsáveis pela prevenção de acidentes, inclusive executivos e corpo gerencial que, sem trabalharem diretamente nos locais de risco, decidem sobre os investimentos, políticas e medidas de segurança.
A campanha de publicidade alcança a sociedade em geral, mas em especial trabalhadores e trabalhadoras, seus familiares, empresas e empregadores, poder público, universidades, Imprensa, Executivo, Judiciário e Legislativo.
“Estamos lançando uma rede de indignação e de esperança, porque esperamos justiça e providências para que nunca mais aconteçam mortes dessa maneira”, salienta a presidente da Avabrum. “Toda sociedade deve abraçar esta causa e ficar alerta. Os avisos foram dados, mas ignorados. Com a campanha, vamos nos unir ainda mais às comunidades de Mariana e de Brumadinho, e outras regiões em risco no Brasil, para que nunca mais a vida seja negligenciada”.
Em Minas Gerais, segundo dados oficiais, da Agência Nacional de Mineração (ANM), existem 46 barragens em situação de alto de risco. Mas o risco não está somente em Minas. Mato Grosso, Pará, São Paulo e Amapá também contam com barragens em nível de emergência.
Segundo a ANM, a situação das barragens de mineração se tornou uma grande preocupação após as grandes tragédias que marcaram o Brasil nos últimos anos, como a tragédia de Brumadinho em janeiro de 2019, que deixou 272 mortos, e a de Mariana em novembro de 2015, que deixou 19 mortos. Ambos os desastres causaram um enorme prejuízo ambiental.
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*Projeto realizado com recursos destinados pelo Comitê Gestor do Dano Moral Coletivo pago a título de indenização social pelo rompimento da Barragem em Brumadinho em 25/01/2019, que ceifou 272 vidas.