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Para a população do Sudeste, escola é o lugar onde mais se pratica o bullying, revela pesquisa Observatório FEBRABAN

 

 

 

Na região, 66% apontam o ambiente escolar como o local mais frequente em que acontece o bullying; no país, a média dessa constatação é de 63%

 

 

A maioria da população que vive no Sudeste está preocupada com o bullying, e essa preocupação cresce entre os pais. Na região, o ambiente escolar — escola ou faculdade — é citado como principal local de ocorrência de bullying (66%).

Essa é uma das principais conclusões para o Sudeste da 11ª Edição do Observatório FEBRABAN — Pesquisa FEBRABAN-IPESPE Bullying e Cancelamento: Impacto na Vida dos Brasileiros. Realizada entre os dias 21 de maio e 2 de junho, a pesquisa traça um amplo panorama a respeito do grau de conhecimento dos brasileiros sobre bullying e cancelamento no país.

Em pergunta dirigida apenas aos pais com filhos em idade escolar, 85% deles disseram estar preocupados com a possibilidade de seus filhos sofrerem bullying ou cyberbullying.

Depois da escola, o ambiente digital (celular/ internet/ redes sociais/ e-mail) é o mais lembrado como propício para esse tipo de ocorrência (25%).

Na média geral do país, o ambiente escolar é também considerado o local onde mais se pratica o bullying, mas em um percentual menor (63%); o ambiente digital é citado também por 25% na pesquisa nacional.

Os principais alvos de bullying e cyberbullying citados no Sudeste foram a cor ou raça (34%) e a orientação sexual (23%).

Segundo a pesquisa, a principal consequência do bullying e cyberbullying para as vítimas e a sociedade são os problemas psicológicos, como insegurança, ansiedade, distúrbios alimentares, depressão, suicídio (65% das respostas).

Ainda de acordo com o levantamento, as motivações mais comuns de quem pratica bullying é a busca de popularidade e a afirmação de poder, ambas com 24% das citações.

A expressão “bullying” é de conhecimento de 79% da população da região. Como situações caracterizadas como “bullying”, foram citadas agressões que visam humilhar ou ridicularizar alguém (75%) e as agressões repetitivas, verbais ou físicas, feitas na intenção de ofender ou ferir a outra pessoa (67%).

Afirmaram terem sido vítimas, visto ou tomado conhecimento sobre pessoas próximas que foram alvo de bullying 35% das pessoas. Os comportamentos e situações de bullying mais citados foram os xingamentos, provocações e humilhações (65%) e a propagação de boatos negativos sobre a pessoa ou sua família (47%).

A pesquisa revela que 58% afirmam ter a percepção de que as pessoas que sofrem esse tipo de ocorrência preferem ficar caladas; no país, a média dessa constatação é de 62%. Para os entrevistados, as vítimas preferem recorrer às próprias redes sociais em que o cyberbullying ocorreu (24%) ou a pais, responsáveis e familiares (18%).

Entre as razões que fazem as vítimas de bullying ou cyberbullying não denunciarem nem procurarem ajuda, foram citadas a descrença em obter apoio (53%), a vergonha (50%) ou o medo de retaliação (48%).

A frase relacionada ao bullying que mais alcançou concordância entre os entrevistados foi “se a brincadeira discrimina, humilha ou ridiculariza alguém ou grupo, já não deve mais ser encarada como brincadeira” (86% concordam).

Para 80% daqueles que vivem no Sudeste, a ocorrência de bullying aumentou muito no Brasil; quanto ao cyberbullying, essa percepção de maior ocorrência é ainda maior (86%). Metade dos entrevistados acha que o bullying e cyberbullying são tratados no Brasil de forma insuficiente.

Quanto à expectativa sobre a evolução do problema do bullying no país nos próximos cinco anos, 37% acreditam que ela vai melhorar, outros 27% acham que não vai se alterar e mais 30% apostam que vai piorar.

Foram apontadas entre as ações mais importantes para prevenir e combater o bullying e o cyberbullying entre os jovens as campanhas de conscientização e informação (47%) e o apoio psicológico, educativo e judicial (42%).

Cancelamento — sobre a cultura de cancelamento, 35% dos entrevistados disseram conhecer a expressão.

Os principais alvos de cancelamento apontados foram os famosos e celebridades (41%) ou qualquer pessoa nas redes sociais (36%); e 75% acham que as situações de cancelamento aumentaram.

Ao serem perguntados se haviam sido vítimas, viram ou tomaram conhecimento sobre pessoas que foram alvo de cancelamento nas redes sociais, 35% disseram que sim; outros 35% responderam afirmativamente que cancelaram ou conhecem pessoa próxima que tenha cancelado alguém na internet.

A frase relacionada ao cancelamento que mais alcançou concordância entre os entrevistados foi “o cancelamento é uma forma de chamar as pessoas à responsabilidade sobre como se comportam e o que publicam nas redes sociais” (76% concordam).

Para 52% dos entrevistados, as redes sociais e seus canais de denúncia são as responsáveis por prevenir ou coibir a cultura do cancelamento: a sociedade, por meio associações e serviços especializados, recebeu 44% das menções.

Entre os famosos mais citados como “cancelados” nas redes sociais estão Karol Conká (31%) e Artur Aguiar (9%).

 

 

Pesquisa nacional – Na média nacional, 35% dos respondentes disseram já terem sido vítimas ou tomaram conhecimento de pessoas que foram alvo de bullying.

A maioria dos entrevistados (62%) ressalta o silêncio das vítimas, que não denunciariam os agressores por falta de apoio (48%), medo de retaliação (46%) e vergonha (também 46%).

As situações de bullying consideradas mais recorrentes, em pergunta de múltiplas respostas, são principalmente xingamentos, provocações e humilhações (61%). Também foram citados boatos negativos (44%), promoção do isolamento (33%), ameaças, intimidações e chantagem (27%) e perseguição (26%).

Em todas as regiões, como primeira resposta sobre a quem as vítimas costumam recorrer em casos de bullying, destaca-se a procura por familiares e amigos (32%). Em seguida, vêm as delegacias, que somam 28%. As próprias redes onde houve as ocorrências são citadas por 23% do total da amostra.

“O bullying e o cyberbullying tornaram-se um grave problema de saúde pública. Depressão, baixa autoestima e tentativas de suicídio são alguns exemplos de consequências dessas condutas, evidenciando a necessidade de ampliar o esclarecimento e a discussão sobre o tema”, aponta o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE. Para ele, esse conhecimento se torna especialmente importante em uma sociedade contemporânea, “mais intolerante e onde a privacidade quase inexiste, mas que, ao mesmo tempo, demanda por mais empatia, ética, responsabilidade e transparência nas relações pessoais e corporativas”.

O Observatório Febraban ouviu 3 mil pessoas em todas as regiões do país, das quais 53% são do sexo feminino. O perfil dos entrevistados tem ainda 43% na faixa dos 25 a 44 anos; ensino médio (41%) e renda familiar de até dois salários mínimos (48%).

 

Sobre o OBSERVATÓRIO FEBRABAN

O OBSERVATÓRIO FEBRABAN — Pesquisa FEBRABAN IPESPE, foi lançado em junho de 2020 com objetivo de se tornar uma fonte de informações sobre as perspectivas da sociedade e o potencial impacto econômico-financeiro, ouvindo a população e estimulando o debate em diversos setores. Com periodicidade trimestral, a iniciativa é parte de uma série de medidas da Febraban para ampliar a aproximação dos bancos com a população e a economia real, de forma cada vez mais transparente.

 

Sobre o IPESPE

O Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE), fundado em 1986, é uma das instituições mais respeitadas do Brasil no setor de pesquisas de mercado e opinião pública. E conta com um conselho científico formado por especialistas de diversas áreas, o qual é presidido por Antonio Lavareda, mestre em sociologia e doutor em ciência política.

Tem equipes operacionais e consultores em todos os estados do País e atuação em âmbito nacional e internacional, sempre atualizado com o que há de mais inovador em técnicas e sistemas de pesquisas. A experiência, o rigor técnico e a agilidade do IPESPE têm se transformado em ferramentas fundamentais para que empresas privadas, governos e organizações possam conhecer melhor o seu público e o mercado.