Geral

Os homens ainda mandam no planeta das mulheres 

 

Cleci Elisa Albiero (*) 

O Dia Internacional da Mulher (8 de março) é uma data muito comentada pela mídia e comemorada pela sociedade, principalmente pelo comércio e por homens, que aproveitam a data festiva para presentear as mulheres com flores e outros mimos. Porém, o 08 de março tem outro significado!

Significa relembrar uma sucessão de acontecimentos históricos que não podemos perder de vista. A data nos remete ao século XX, especificamente ao ano de 1910, durante a II Conferência Internacional das Mulheres em Copenhague, na Dinamarca, que foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) na década de 1970 como parte de ações voltadas ao combate à desigualdade e discriminação de gênero em todo o mundo.

Esta data lembra um movimento encabeçado por Clara Zetkin, feminista marxista alemã, que propôs que as trabalhadoras de todos os países organizassem um dia especial das mulheres, cujo objetivo seria promover o direito ao voto feminino e a luta por condições dignas de trabalho e cuidado aos filhos. Vale lembrar que esta data não foi criada por influências de tragédias, como comumente se costuma lembrar, mas sim por engajamento político das mulheres pelo reconhecimento da sua causa.

No contexto histórico, o que nos move para o significado desta data é o protagonismo das mulheres e o que ela representa na trajetória sócio-histórica e significativa de lutas. A pauta sobre o protagonismo das mulheres na sociedade, das conquistas e dos direitos sociais que lhes é assegurado, os cargos políticos, de chefia e liderança no mundo do trabalho, e sua liberdade de escolha em se casar, ter filhos ou protagonizar a maternidade solo.

No entanto, com todos esses avanços, as mulheres ainda continuam sendo as maiores vítimas do machismo estrutural da violência e do feminicídio. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apenas no primeiro semestre de 2022, 699 mulheres foram mortas vítimas do feminicídio, sem contarmos os casos de assédio, violência de todos os tipos e formas. Ainda acompanhamos a realidade de muitas mulheres que sofrem importantes impactos na sua carreira profissional, quando decidem por engravidar. Dados de uma pesquisa divulgada pela Catho, em 2019, dão conta que em torno de 30% das mulheres deixam o mercado e trabalho para cuidar dos filhos e, entre as mães, 48% relatam que tiveram dificuldades por terem que se ausentar do trabalho por motivos relacionados a saúde/doença de seus filhos, quanto que em relação aos homens este número é de apenas 7%. A falta de políticas públicas relacionadas a creches e escolas, como também a rede de apoio ao cuidado das crianças, leva muitas mulheres a desistir da maternidade ou se ausentar do mercado de trabalho para cuidar dos filhos.

Assim, devemos aproveitar o 8 de março para pensar qual o lugar que a mulher ocupa na sociedade? E aqui estamos falando de todas as mulheres, de todos os corpos femininos e dos espaços que ocupam. Se olharmos à nossa volta, quem manda no planeta são os homens. Nesta sociedade comandada pelos homens, ainda temos um longo caminho a percorrer, pois somos maioria, ocupando as vagas nas universidades, porém minoria em participação nos espaços políticos, econômicos, sociais e ambientais. Esse movimento coloca em evidência os desafios para construção efetiva deste protagonismo das mulheres na sociedade contemporânea! Um viva ao 08 de março para todas as mulheres!

(*) Cleci Elisa Albiero é Professora do Curso de Serviço Social da Uninter.