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Memorial Vale apresenta a exposição Araetá: a literatura dos povos originários, no dia 31 de agosto. No dia 2 de setembro haverá bate-papo com autores indígenas

O Memorial Vale recebe no dia 31 de agosto, a partir das 19 horas, a exposição “Araetá: a literatura dos povos originários” que apresenta a produção literária de escritores indígenas de 1998 até hoje. Dentre as 305 etnias existentes no Brasil, 40 diferentes povos têm a literatura representada nesta exposição, compondo uma produção literária de 335 títulos de 110 escritores publicados por 120 diferentes editoras brasileiras. Os escritores estão divididos por biomas – Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Mata Atlântica – reunindo nomes como Ailton Krenak, Davi Kopenawa, Cristino Wapichana, Álvaro Tukano, Daniel Munduruku, André Baniwa, Yaguarê Yamã, Márcia Kambeba, Auritha Tabajara, Graça Graúna, Kaká Werá Jekupé, Olívio Jekupé, Werá Jeguaka Mirim e Maria Kerexu, Gleycielli Nonato e Marcos Terena, entre outros. Na abertura do evento haverá performance/leitura dramática de poemas de Gleycielli Nonato, uma das autoras presentes na exposição. A entrada é gratuita e a exposição poderá ser vista até o dia 5 de novembro.

Partindo de uma catalogação da literatura de autoria indígena no Brasil, a exposição, apresentada pelo Instituto Cultural Vale e pelo Ministério da Cultura, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, contempla livros escritos e narrados por indígenas em língua portuguesa e nativa, apresentando ao público um acervo nunca antes reunido.

Araetá tem curadoria de Ademario Payayá, escritor e educador, e Selma Caetano, gestora cultural à frente do Prêmio Oceanos, uma das maiores premiações de literatura em Língua Portuguesa do mundo, além de consultoria literária do escritor Daniel Mundurku e do linguista e professor Ariabo Kezo, que faz a narrativa de apresentação do percurso expositivo. No dia 30, a exposição abre também em São Paulo, no SESC Ipiranga, em montagem simultânea.

Bate-papo com autores no dia 2 de setembro

Para discutir a produção literária indígena haverá no Memorial Vale, no dia 2 de setembro, sábado, às 11 horas, também com entrada gratuita, uma bate-papo com os escritores Gleycielli Nonato, que é indígena do povo Guató e Luciano Ariabo Kezo, indígena do povo Balatiponé, juntamente com a gestora cultural e curadora da exposição, Selma Caetano.

Gleycielli Nonato é indígena do povo Guató. Pantaneira, escritora, comunicadora e atriz, é moradora das barrancas do rio Taquari, na cidade de Coxim. Membro da Academia Brasileira de Letras seccional Coxim (MS), foi ganhadora do prêmio Manoel de Barros 2012 e é autora dos livros “Índia do rio” e “Vila Pequena: contos causos e lorotas”.

Luciano Ariabo Kezo é indígena do povo Balatiponé; é escritor, professor e artista plástico. Mestre em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos; é um grande guerreiro na defesa dos direitos dos povos indígenas.

Selma Caetano é gestora cultural e curadora desde 2007 do Oceanos — Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa, com abrangência a todos os livros escritos originalmente em língua portuguesa, em qualquer lugar do mundo. É a idealizadora e curadora de Araetá: a literatura dos povos originários.

A exposição

A exposição é composta por duas salas que formam um percurso da produção literária indígena no Brasil, mas não só. Ao lado dos livros expostos, há vídeos, áudios, fotografias e ilustrações que revelam ao visitante o contexto em que vivem os autores, seus territórios, lutas e cultura. Muito se escreveu e se escreve sobre os povos originários, mas Araetá aposta no protagonismo dos escritores indígenas para contar e atualizar sua própria história. “Esta exposição reúne os nomes mais influentes e importantes entre escritores e pensadores das questões e arte indígena da atualidade. A literatura permite que os indígenas falem por si e mostrem suas cosmovisões e sua atuação na preservação dos seus territórios”, observa o diretor do Memorial Vale, Wagner Tameirão.

Além das obras literárias, o público poderá ver ilustrações, vídeos e fotografias feitas nas aldeias pelos indígenas ou para os indígenas, por nomes como Sebastião Salgado, Maureen Bisilliat, Alice Arida, Denilson Baniwa, Cleber Kronun de Almeida (fotógrafo e cineasta do povo Kaingang), Richard Werá Mirim (do povo Guarani) e João Farkas, entre outros.

A literatura indígena

A publicação de livros com autoria indígena é um fenômeno relativamente recente. Na década de 1970, a escritora Eliane Potiguara mimeografou e publicou inúmeras poesias e cartilhas didáticas. Uma década depois, Umúsin Panlõn Kumu e Tolamãn Kenhíri, do povo Desana, publicaram oficialmente o primeiro livro de autoria indígena, “Antes o mundo não existia”. De lá para cá, muita coisa aconteceu e a exposição se propõe a retratar o cenário da literatura indígena que vem se formando desde então.

“Já se disse que os povos indígenas são de tradição oral e que, por conta disso, não podem, não sabem e não precisam fazer literatura. Tal afirmação se justifica dentro de um entendimento antigo que não compreende ou não quis compreender a dinâmica da cultura humana: ela está em movimento. Engana-se, portanto, quem acredita que os povos indígenas são humanos presos a um passado ancestral e que sua existência se deve a um permanente apego ao já vivido”, diz Daniel Munduruku.

Salvaguarda da cultura indígena

A exposição faz parte de um conjunto de iniciativas do Instituto Cultural Vale pela preservação e valorização das culturas indígenas. No dia 26 de setembro, o Centro Cultural Vale Maranhão abrirá ao público a exposição “Maranhão: Terra Indígena”, panorâmica que apresentará os povos indígenas do estado por meio da sua produção de artefatos e artes ancestrais, com uma imersão do público em seus modos de vida por meio de objetos, mapas, fotos e vídeos.

A exposição contará também os filmes produzidos no projeto Vidas Indígenas Maranhão, realizado pelo Museu da Pessoa com patrocínio do Instituto Cultural Vale: no projeto, jovens dos povos Ka’apor, Awa-Guajá e Guajajara receberam formação em produção audiovisual e metodologias de preservação de memória. Assim, eles se tornaram “Guardiões da Memória” de histórias de vida de suas aldeias – e como um dos legados do projeto, os equipamentos de filmagem e computadores são doados para as comunidades.

Serviço: Memorial Minas Gerais Vale

Endereço: Praça da Liberdade, nº 640, esquina com Rua Gonçalves Dias, Savassi

Horário de funcionamento: Terça, quarta, sexta e sábado: das 10h às 17h30, com permanência até as 18h. Quinta, das 10h às 21h30, com permanência até as 22h. Domingo, das 10h às 15h30, com permanência até as 16h. Entrada Gratuita

Memorial Minas Gerais Vale

O Memorial Minas Gerais Vale, um dos espaços culturais do Instituto Cultural Vale, já recebeu mais de 1,1 milhão de pessoas, de todos os lugares do Brasil e de outros continentes. São mais de 1.600 eventos realizados e cerca de 200 mil pessoas em visitas mediadas. Integra o Circuito Liberdade, em Belo Horizonte, um dos maiores complexos de cultura do Brasil. Caracterizado como um museu de experiência, com exposições que utilizam arte e tecnologia de forma intensa e criativa, é um dos vencedores do Travellers’ Choice Awards do TripAdvisor. Na curadoria e museografia de Gringo Cardia, cenários reais e virtuais se misturam para criar experiências e sensações que levam os visitantes do século XVIII ao século XXI. Mais que um espaço dedicado às tradições, origens e construções da cultura mineira, o Memorial é um lugar de trânsito e cruzamento entre a potência da história e as pulsações contemporâneas da arte e da cultura, onde o presente e o passado estão em contato direto, em permanente renovação. É vivo, dinâmico, transformador e criador de confluências com artistas independentes e com diversos segmentos da cultura mineira.