Geral

Acordo histórico homologado pelo TJMG completa 1 ano

 

A mediação possibilitou a conciliação evitando uma batalha jurídica que poderia durar mais de uma década

 

 

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Mediado pelo mediado pelo TJMG, acordo barrou a possibilidade de batalha jurídica que poderia se estender por mais de uma década.

 

 

Há exatamente um ano, no dia 4 de fevereiro de 2021, foi homologado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais o maior acordo já realizado no Brasil e na América Latina, no valor de R$ 37,6 bilhões, entre a Vale S.A, o Governo de Minas e instituições públicas.
As audiências de mediação, que culminaram nesse acordo, foram conduzidas pelo presidente do TJMG, desembargador Gilson Soares Lemes. “Este acordo, o maior do Brasil em termos de fixação de compensação e reparação socioambiental, é uma marca histórica para o Tribunal de Justiça de Minas, para o Brasil e para o mundo”, disse o presidente.
Desde a primeira audiência de conciliação, em 22 de outubro de 2020, outras seis tentativas de acordo foram realizadas: 17/11/2020, 9/12/2020 e 17/12/2020, 21/01/2021, 29/01/2021 e 01/02/2021. Várias reuniões preparatórias, entre as partes, também foram conduzidas pelo 3º vice-presidente, desembargador Newton Teixeira Carvalho.
O acordo, mediado pelo TJMG, barrou a possibilidade de batalha jurídica que poderia se estender por mais de uma década. O documento assegurou a reparação socioambiental e socioeconômica e a título de antecipação da indenização dos danos coletivos e difusos.
 

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Última reunião preparatória antes do fechamento do acordo

 

 

O presidente do TJMG, desembargador Gilson Soares Lemes, disse que o “TJMG se empenhou para dar celeridade as ações”. Ele afirmou que “a mediação do TJMG possibilitou agilização do acordo e a efetiva indenização referente aos danos ambientais e socioeconômicos”.

 

O 3º vice-presidente e responsável pelo Cejusc de 2º grau do TJMG, desembargador Newton Teixeira Carvalho, afirmou que “foi um acordo emblemático e que serve de modelo para outros acordos futuros, com a participação do TJMG”. Ele destacou ainda que o acordo entre a Vale e o Estado de Minas “serviu para desconstruir a imagem da justiça belicosa, que só funciona por meio de processos. Estamos implantando uma nova era no Poder Judiciário que prioriza a justiça autocompositiva”.

 

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Definida a realização de reuniões preparatórias com entidades jurídicas do Estado e advogados da Vale

 

 

Projetos de Reparação socioeconômica

 

Em dezembro de 2021 foi aprovado o início, pela Vale S.A, da execução dos primeiros projetos de reparação socioeconômica em Brumadinho e também em outros 25 municípios atingidos pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão. A aprovação para iniciar as atividades foi dada pelo Governo de Minas Gerais, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG).
A primeira etapa da execução se refere a 12 projetos que constam no Acordo homologado pelo TJMG nos anexos I.3, voltados para 25 municípios atingidos, e I.4, referente a Brumadinho.

Bacia do Paraopeba

 

No Anexo I.3 estão relacionados projetos para a Bacia do Paraopeba no valor de R$ 2,5 bilhões. O primeiro grupo de projetos incluem 36 iniciativas nas áreas de Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Saúde e Desenvolvimento Social.
Os 25 municípios contemplados são: Abaeté, Betim, Biquinhas, Caetanópolis, Curvelo, Esmeraldas, Felixlândia, Florestal, Fortuna de Minas, Igarapé, Juatuba, Maravilhas, Mário Campos, Mateus Leme, Morada Nova de Minas, Paineiras, Papagaios, Pará de Minas, Paraopeba. Pequi, Pompéu, São Gonçalo do Abaeté, São Joaquim de Bicas, São José de Varginha e Três Marias.
Foram apresentadas 2.677 propostas — 922 pelas prefeituras e 1.755 das comunidades. Depois de passar por análise técnica, as propostas que estavam de acordo com os critérios estabelecidos foram incluídas no processo de Consulta Popular, realizado em novembro de 2021.
Os primeiros projetos, descritos no Acordo Judicial, correspondem a 15% dos valores destinados ao Anexo I.3. Eles estão relacionados às áreas de Saúde, Desenvolvimento Social, Agricultura e Pecuária.
Na área de Saúde estão previstos: estruturação de salas de urgência nas Unidades de Pronto Atendimento dos 25 municípios atingidos; fortalecimento da atenção primária à saúde dos mesmos municípios; Fortalecimento daRede de Atenção Psicossocial; Ampliação das especialidades atendidas para além das já previstas pelas equipes de Saúde da Família (PromoveMinas).
Para Desenvolvimento Social, haverá o fortalecimento dos serviços de proteção básica socioassistenciais municipais, com ampliação de equipes para atendimento da população, aquisição de equipamentos e adequação dos serviços, além de cursos de capacitação para os trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), a fim de qualificar a rede de atendimento e os serviços ofertados para a população; programa de educação profissional da Bacia do Paraopeba, que oferecerá cursos de formação inicial e continuada para garantir que a população atingida complemente sua escolaridade e desenvolva conhecimentos e habilidades; capacitação dos profissionais da rede de proteção de crianças e adolescentes.
 

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A barragem I da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, rompeu-se em 25 de janeiro de 2019 (Crédito: Cecília Pederzoli)

 

 

Para a área de Agricultura e Pecuária haverá o fornecimento de equipamentos e capacitação de equipes das prefeituras para realização da manutenção e melhoria do acesso de estradas rurais, com foco ambiental; regularização fundiária rural, com emissão de título de propriedade para que produtores tenham acesso às políticas públicas, como crédito rural – gerando segurança jurídica e valorização do imóvel; biofábrica para a produção, multiplicação, distribuição e liberação de insetos benéficos à agricultura em propriedades familiares.

Brumadinho
Os projetos para Brumadinho, Anexo I.4, estão relacionados no Programa de Reparação Socioeconômica (Anexo I) do Acordo. O valor é de R$ 1,5 bilhão e prevê o fortalecimento dos serviços públicos no município de Brumadinho. A execução dos projetos do Anexo I.4 está sendo acompanhada pela auditoria externa da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
As propostas de projetos foram apresentadas pela população de Brumadinho e pela Prefeitura da cidade. Foram entregues 475 propostas — 39 da prefeitura e 436 da comunidade. Os primeiros projetos estão relacionados as seguintes áreas: Saúde; Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Desenvolvimento Social; Segurança e Defesa Social; e Infraestrutura que inclui a criação do Distrito Industrial e Brumadinho Digital.

Neste caso, a meta é diversificar a atividade econômica, reduzindo a minero-dependência, por meio de incentivos e estratégias para o desenvolvimento do setor industrial-terciário.
Além disso, serão oito projetos a serem executados em cada um dos outros 25 municípios atingidos, incluindo o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde e o Programa Manutenção de Estradas Rurais e Trabalhos de Recuperação Ambiental.
Linha do tempo da conciliação

 

2020

 

2 de outubro — É realizada a primeira audiência de conciliação no Cejusc de 2ª grau entre a Vale S.A. e o Estado de Minas Gerais na reparação dos danos provocados pelo rompimento da barragem. Nela, foram analisadas e aprovadas sete das nove premissas para o acordo.

17 de novembro — Na 2ª audiência de conciliação, representantes do Estado de Minas Gerais, da Advocacia-Geral do Estado (AGE), da Advocacia-Geral da União (AGU), do Ministério Público Estadual (MPE), do Ministério Público Federal (MPF), da Defensoria Pública Estadual (DPE) e da Defensoria Pública Federal (DPF) apresentaram nova proposta para análise da Vale S.A.

9 de dezembro — Na 3ª audiência de conciliação ficou acertado que, para dar andamento as tratativas, seriam realizadas reuniões preparatórias com entidades jurídicas do Estado e advogados da Mineradora Vale. Os encontros ocorreram na 3ª vice-presidência. As partes tiveram que elaborar minuta com os valores das indenizações, os projetos de recuperação das áreas atingidas e os prazos das obras. Além disso, valores serão depositados em juízo para gerenciamento das indenizações e a prorrogação do auxílio emergencial até janeiro de 2021.

17 de dezembro — Na 4ª audiência foram discutidos três pontos propostos. Houve consenso relativo à manutenção dos acordos individuais de indenização firmados pela Defensoria Pública e pela Vale para ressarcimento de atingidos pelo rompimento da barragem. Outros dois itens não foram acordados.

 

 

2021

 

7 de janeiro — Foi realizada nova reunião preparatório para andamento das discussões. O encontro ocorreu sob a presidência do Cejusc de 2º grau, quando foram obtidos novos avanços e marcada nova audiência de conciliação.

21 de janeiro — Durante audiência para tentar fechar a minuta do acordo ficou definido um prazo de mais oito dias para definição dos valores previstos para o ressarcimento. Ficou acertado que na próxima audiência, caso não houvesse acordo, o processo retornaria à 1ª instância.

29 de janeiro — O presidente do TJMG, Gilson Lemes, atendeu pedido da Vale S.A. e concedeu prazo de mais 15 dias no processo de mediação entre a Vale e o Estado de Minas. Ele acatou também a prorrogação do auxílio emergencial pago pela Vale aos atingidos até o dia 28 de fevereiro.

1º de fevereiro — Antes do vencimento do novo prazo para o acordo, o presidente Gilson Lemes conduziu nova reunião preparatória de mediação entre as partes: Vale S.A e Estado de Minas Gerais

4 de fevereiro — Homologação do acordo

 

 

Histórico

 

Já foram identificadas 264 das 270 vítimas do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). O rompimento da Barragem 1 da mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, ocorreu no dia 25 de janeiro de 2019. O rompimento liberou cerca de doze milhões de metros cúbicos de rejeitos.

Ouça o podcast produzido pela equipe de rádio do TJMG: anexo 1.mp3

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