Polícia

Acusado de matar e esquartejar família de bolivianos é condenado a 69 anos de prisão em São Paulo

 

SÃO PAULO

Gustavo Vargas Arias, da mesma nacionalidade das vítimas, tentou fugir para a Bolívia, foi preso e extraditado para o Brasil. Pai, esposa e filho foram mortos no fim de dezembro de 2018.

Corpos de família de bolivianos foram encontrados mutilados — Foto: Reprodução/ TV Diário

Foi condenado a 69 anos de prisão pelo tribunal do júri depois de 12 horas de julgamento, na terça-feira (21), o boliviano acusado de esquartejar e matar a cunhada, o cunhado e o filho do casal, no fim de 2018, na Penha, Zona Leste de São Paulo. Os corpos das três vítimas foram encontrados em malas e sacos de lixo em uma casa alugada em Itaquaquecetuba, no interior de São Paulo.

A sentença é assinada pela juíza Paloma Moreira de Assis Carvalho, da 4ª Vara do Júri, do Foro Central Criminal da capital. O julgamento de Gustavo Vargas Arias estava marcado para começar às 13h30 e terminou à noite.

“Em relação à culpabilidade e circunstâncias do delito, verifico que elas desbordam do usual, considerando a frieza e crueldade do réu na execução do delito, que alugou uma casa para poder ocultar os cadáveres e evadir-se para o seu país de origem, utilizando-se do auxílio de terceiras pessoas para descarregar as malas utilizadas sem o conhecimento daqueles”, escreveu.

Jesus Reynaldo, Irma Morante e Jean Abner, de 8 anos, foram encontrados esquartejados e em avançado estado de decomposição. Gustavo Vargas chegou a fugir para a Bolívia, mas foi preso e extraditado para o Brasil em 2019.

A família das vítimas é representada pela advogada Patricia Vega, do Centro de Imigrante. Um irmão de Jesus Reynaldo foi uma das testemunhas.

Arias foi levado a júri popular por homicídio qualificado, roubo e ocultação de cadáver. A defesa dele não foi localizada.

Boliviano tentou fugir, mas foi preso e vai a julgamento no Brasil — Foto: Reprodução

O caso

Segundo o processo, na noite de 23 de dezembro de 2018, na Penha, Zona Leste da capital paulista, ele matou Jesus Reynaldo asfixiado, conforme apontou o laudo do Instituto Médico Legal. Para não ser descoberto, também assassinou Irma Morante, que era irmã de sua esposa.

A polícia apontou que o crime ocorreu por motivos financeiros já que foram roubados um celular, máquinas de costura e R$ 18.106,30. Em seguida, entre os dias 28 dezembro e 8 de janeiro de 2019, os corpos da família foram levados para Itaquaquecetuba.

A investigação começou em janeiro, quando os corpos foram achados na cidade. No mesmo dia, familiares tinham registrado um boletim de ocorrência sobre o sumiço do pai, mãe e filho. Gustavo trabalhava como costureiro para as vítimas e chegou a morar na mesma casa.

Uma semana antes do Natal, Gustavo deixou a casa de Jesus e alugou outro imóvel. O vínculo empregatício ainda permanecia.

Segundo a denúncia do Ministério Público, antes do crime houve uma confusão entre o réu e Jesus por questões trabalhistas. Em determinado momento, Gustavo acertou a cabeça de Jesus com um objeto e depois ele foi estrangulado.

Irma soube do crime, ameaçou chamar a polícia e também acabou estrangulada.

Limpeza da casa
Após os crimes, a casa foi limpa para que o filho do casal não desconfiasse, apontou a investigação. Na manhã de 24 de dezembro, Gian começou a chorar e a perguntar pelos pais. Na tentativa de que o menino não questionasse, o boliviano chegou a levá-lo para brincar com seus filhos.

O réu e a criança retornaram para casa, mas o garoto voltou a chorar e foi morto pelo costureiro. O laudo apontou que Gian sofreu golpes na cabeça.

Entre os dias 28 e 29 de dezembro, as máquinas de costura foram levadas para a casa alugada em Itaquaquecetuba, além dos corpos. A Polícia Militar identificou o imóvel onde as vítimas foram deixadas.

A Justiça chegou a decretar as prisões temporárias de outros dois suspeitos do crime em 9 de janeiro de 2019 pela 2ª Vara Criminal de Itaquaquecetuba.

Ao fim da fase de instrução do processo, o Ministério Público se manifestou para que os outros dois homens apontados como comparsas fossem absolvidos, com base em depoimentos colhidos de outras testemunhas e reprodução simulada.

O crime repercutiu na Bolívia, e Gustavo foi capturado em Santa Cruz de La Sierra em 10 de fevereiro de 2019. Uma confissão dele foi gravada e divulgada pela imprensa local.

 

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