Após três anos de guerra, ucranianos precisam de paz e ajuda
Após três anos de guerra, ucranianos precisam de paz e ajuda
Resumo do que foi dito por Philippe Leclerc, Diretor do Escritório Regional para a Europa do ACNUR – a quem o texto citado pode ser atribuído – na coletiva de imprensa realizada hoje no Palais des Nations, em Genebra.

Três anos após o início da guerra em grande escala na Ucrânia, tirou milhares de vidas, causou uma destruição incalculável, separou famílias, infligiu traumas psicológicos significativos e devastou a economia e a infraestrutura do país.
Nos últimos seis meses, mais de 200 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas no leste da Ucrânia devido ao aumento dos ataques. Enquanto o sofrimento humano continua, a necessidade de fornecer assistência emergencial às pessoas mais afetadas, bem como oportunidades para reconstrução, é mais urgente do que nunca.
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) estima que 10,6 milhões de ucranianos estão deslocados – quase um quarto da população do país antes da guerra. Dentro da Ucrânia, 3,7 milhões de pessoas foram forçadas a se deslocar, enquanto 6,9 milhões de pessoas refugiadas continuam recebendo proteção em outros países. Mais de 2 milhões de residências – 10% do total habitacional – foram danificadas ou destruídas. Ataques recorrentes à infraestrutura energética continuam deixando milhares sem eletricidade e aquecimento, além de sobrecarregar os serviços locais já debilitados. Os recém-deslocados são cada vez mais vulneráveis – incluindo pessoas idosas e com deficiência, que frequentemente enfrentam desafios adicionais para acessar os serviços de que mais necessitam.
Muitas das pessoas mais vulneráveis seguem vivendo em abrigos coletivos pelo terceiro ano consecutivo. O impacto na saúde mental também tem sido profundo, com a constante ameaça de mísseis e drones, longos períodos de separação familiar e traumas acumulados. As crianças são especialmente vulneráveis, com 1,5 milhão delas em risco de sofrer consequências psicológicas de longo prazo. Dentro da Ucrânia, 12,7 milhões de pessoas – um terço da população atual – precisam de assistência humanitária.
Estima-se que até um terço do território da Ucrânia tenha sido contaminado por minas terrestres e artefatos explosivos. O impacto da guerra na economia é vasto – os polos agrícolas e industriais no leste foram devastados, e cerca de 30% dos empregos que existiam antes do conflito foram perdidos. Enfrentar esses desafios – apontados por pessoas refugiadas como obstáculos ao retorno – deve ser uma prioridade coletiva.
Nos últimos três anos, o ACNUR prestou assistência emergencial a milhões de pessoas afetadas. Trabalhando lado a lado com o governo da Ucrânia, agências das Nações Unidas e parceiros locais, o ACNUR continua a responder a novos ataques e deslocamentos, oferecendo, entre outras medidas, abrigo emergencial imediato, primeiros socorros psicológicos e assistência em dinheiro para necessidades básicas. Juntamente com outras agências humanitárias da ONU, o ACNUR já entregou ajuda para 800 mil pessoas vivendo em comunidades de difícil acesso na linha de frente do conflito.
O ACNUR também continua sendo um parceiro essencial nos esforços de recuperação da Ucrânia. O apoio prestado – que inclui desde reparos habitacionais até assistência jurídica – desempenha um papel crucial para que as pessoas possam se recuperar, reconstruir suas vidas e acessar os serviços governamentais no futuro.
O financiamento tem sido um desafio constante e agora está mais incerto do que nunca. E as principais vítimas dessa situação serão, mais uma vez, as famílias deslocadas e afetadas pela guerra, que correm o risco de perder a assistência vital justamente no momento em que mais precisam. O apoio de diversos doadores é fundamental para garantir que o ACNUR continue fornecendo ajuda emergencial, abrigo e proteção às pessoas necessitadas.
Nos últimos três anos, os países vizinhos da Ucrânia demonstraram compaixão e compromisso ao incluir pessoas refugiadas em seus sistemas nacionais. Essas pessoas, por sua vez, têm se esforçado para reconstruir suas vidas em novas comunidades. Embora 60% das pessoas ucranianas refugiadas expressem o desejo de retornar ao seu país um dia, apenas 5% planejam fazê-lo em breve, pois aguardam melhores condições de segurança, moradia e oportunidades econômicas – muitas delas provenientes de áreas atualmente ocupadas.
O apoio internacional tanto às pessoas refugiadas quanto às comunidades que as acolhem é essencial para manter a esperança. O ACNUR e seus parceiros continuarão trabalhando para garantir que a ajuda humanitária chegue às pessoas que mais precisam dela. Agora não é o momento de desistir do povo ucraniano.
Para mais informações sobre este tópico, entre em contato:
Em Brasília, Miguel Pachioni, pachioni@unhcr.org +55 61999144049
Em Kyiv, Elisabeth Arnsdorf Haslund, haslund@unhcr.org, +380 95 239 0072
Em Genebra, Matthew William Saltmarsh, saltmars@unhcr.org, +41 79 967 99 36

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