Artistas de Minas Gerais participam da mostra Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro, exposição dedicada à produção de artistas negros, em São Paulo
O estado de Minas Gerais estará representado por 38 artistas naexposição Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro,a mais abrangentemostra dedicada exclusivamente à produção de artistas negros já realizada no país. Com abertura agendada para o dia 02 de agosto, no Sesc Belenzinho, em São Paulo, a mostraparte da premissa de dar luz à centralidade do pensamento negro no campo das artes visuais brasileiras, em diferentes tempos e lugares. Com curadoria assinada por Igor Simões, em parceria com Lorraine Mendes e Marcelo Campos, Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro, apresentará ao público obras de cerca de 240 artistas negros – entre homens e mulheres cis e trans, de todos os Estados do Brasil – em diversas linguagens como pintura, fotografia, escultura, instalações e videoinstalações, produzidos entre o fim do século XVIII até o século XXI. Representando o estado, estarão presentes obras de Afonso Pimenta (Retratistas do Morro), Alisson Damasceno, Ana Paula Sirino, Andreia Pereira Andrade, Charlene Bicalho, Dadinho, Dyana Santos, Eustáquio Neves, FROIID, Gabriel Lopo, Glória Maria Andrade, Gustavo Nazareno, Izabel Mendes, João Cândido, João Pereira, Jorge dos Anjos, Luana Vitra, Marcel Diogo, Marcos Siqueira, Marcus Deusdedit, Maré de Matos, Maria Auxiliadora, Maria Lira Marques, Massuelen Cristina, Mateus Moreira, Mestre Antônio de Bastião, Mestre Valentim, Noemisa Batista dos Santos, Paula Duarte, Paulo Nazareth, Priscila Rezende, Rafael LaCruz, Sonia Gomes, Tiago Gualberto, Ulisses Mendes, Valdir Rodrigues, Vicente de Paula Silva e Walla Capelobo. “Como uma instituição que tem na diversidade uma de suas principais marcas, o Sesc busca por meio de suas ações dar voz aos mais diversos segmentos sociais, estimulando o debate e ajudando a registrar a história e cultura de nosso povo em toda sua abrangência e riqueza. Dentro dessas premissas, o projeto Dos Brasis lançou um olhar aprofundado sobre a produção artística afro-brasileira e sua presença na construção da história da arte no Brasil. Um trabalho que contou com nossos analistas de cultura em todo o país, em um grande alinhamento nacional. A exposição Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro é a culminância desse processo e oferece ao público não só a oportunidade de conhecer a obra de artistas e intelectuais negros, com também de refletir sobre sua participação nos diversos contextos sociais”, disse o Diretor-Geral do Departamento Nacional do Sesc, José Carlos Cirilo. Trajetória – A ideia nasceu em 2018, um projeto de pesquisa fruto do desejo institucional do Sesc em conhecer, dar visibilidade e promover a produção afro-brasileira. Para sua realização, foram convidados os curadores Hélio Menezes e Igor Simões. Em 2022, o projeto passa a ter a curadoria geral de Simões com os curadores adjuntos Marcelo Campos e Lorraine Mendes. A partir de 2024 uma parte da mostra circulará em espaços do Sesc por todo o Brasil pelos próximos 10 anos. Para se chegar a esse expressivo e representativo número de artistas negros, presentes em todo o território nacional, foram abertas duas importantes frentes. Na primeira, foram realizadas pesquisas in loco em todas as regiões do Brasil com a participação do Sesc em cada estado, com o objetivo de trazer a público vozes negras da arte brasileira. Essas ações desdobraram-se em atividades e programas como palestras, leituras de portfólio, exposições, entre outros, com foco local. Vale ressaltar que esse processo teve uma atenção especial para que não se limitasse apenas às capitais do país, englobando também a produção artística da população negra de diversas localidades, como cidades do interior e comunidades quilombolas. A equipe curatorial pesquisou obras e documentos em ateliês, portfólios e coleções públicas e particulares, para oferecer ao público a oportunidade de conhecer um recorte da história da arte produzida pela população negra do Brasil e entender a centralidade do pensamento negro na arte brasileira. A segunda frente foi a realização de um programa de residência artística online intitulado “Pemba: Residência Preta”, que contou com mais de 450 inscrições e selecionou 150 residentes. De maio a agosto de 2022, os integrantes foram orientados por Ariana Nuala (PE), Juliana dos Santos (SP), Rafael Bqueer (PA), Renata Sampaio (RJ) e Yhuri Cruz (RJ). A residência, que reuniu artistas, educadores e curadores/críticos, contou ainda com uma série de aulas públicas com a participação de Denise Ferreira da Silva, Kleber Amâncio, Renata Bittencourt, Renata Sampaio, Rosana Paulino e Rosane Borges, disponíveis no canal do Sesc Brasil no YouTube. Núcleos – A proposta curatorial rompe com divisões como cronologia, estilo ou linguagem. Para esta exposição de arte negra, não caberá a junção formal, estilística ou estética. Dessa maneira, os espaços expositivos do Sesc Belenzinho contarão com sete núcleos: Romper, Branco Tema, Negro Vida, Amefricanas, Organização Já, Legítima Defesa e Baobá, que têm como referência pensamentos de importantes intelectuais negros da história do Brasil como Beatriz Nascimento, Emanoel Araújo, Guerreiro Ramos, Lélia Gonzales e Luiz Gama. EXPOSIÇÃO DOS BRASIS – ARTE E PENSAMENTO NEGRO De Minas GeraisAfonso Pimenta – Retratistas do Morro – São Pedro do Suaçuí (MG), 1954Núcleo Organização JáEm 1970, Afonso Pimenta tornou-se assistente do fotógrafo João Mendes. Na década de 1980, passou a registrar o início do movimento de bailes de “Black e Soul music”. Em suas fotografias, jovens, famílias e crianças pretas compartilham entre si os momentos afetivos do cotidiano, em torno da musicalidade preta, que promovia o lazer e a autoestima. A exibição de suas fotografias, confrontam as narrativas oficiais de ocupação das metrópoles e apresentam outros imaginários da produção cultural periférica. Alisson Damasceno – Belo Horizonte (MG), 1982Núcleo Negro VidaAlisson Damasceno é habilitado em Pintura pela Escola Guignard. Atualmente possui duas residências: uma em Minas Gerais e outra em Berlim, na Alemanha. Sua atuação como professor/artista forma seu vocabulário estético, em trabalhos que muitas vezes são feitos com a participação de seus alunos. A cadeira escolar é um elemento constituinte de suas produções pictóricas – além de evocar a presença estudantil, ela indica a precariedade da infraestrutura do ensino público. Ana Paula Sirino – Sabinópolis (MG), 1997Núcleo AmefricanasNascida no Quilombo do Torra, mudou-se para Belo Horizonte em 2019, para trabalhar como tatuadora e aprofundar seus conhecimentos em pintura. Na produção pictórica, resgata suas memórias pessoais, geralmente representando cenas de infância que revelam afetividades comuns às crianças pretas, seja pela importância das brincadeiras, ou pelo lugar de carinho com os familiares. Há nas pinturas da artista uma sugestão de nostalgia e curiosidade a partir de uma poética que equilibra registro fotográfico e restauro de memórias. Ateliê Izabel Mendes – Andreia Pereira Andrade – Santana do Araçuaí (MG), 1981Núcleo BaobáNeta de Izabel Mendes e filha de Glória Maria Andrade, Andreia faz parte da segunda geração de artistas que se empenham em manter viva a produção no ateliê de Izabel Mendes. Estudou Artes Visuais na Escola Guignard e, posteriormente, retornou ao Vale do Jequitinhonha e se envolveu na produção artística das bonecas de cerâmica, aprimorando junto de sua mãe a estética e os temas presentes nas obras. Ateliê Izabel Mendes – Glória Maria Andrade – Santana do Araçuaí (MG), 1957, e João Pereira – Santana do Araçuaí (MG), 1953Núcleo BaobáNascida na zona rural do Vale do Jequitinhonha, Izabel aprendeu a trabalhar com barro ainda na infância, técnica que lhe foi passada por sua mãe. Após obter sucesso na venda de seus presépios, passou a fazer as bonecas que caracterizavam sua produção. Mestra, Izabel ensinou a prática com o barro para seus filhos e incentivou outros artistas a fundar a Associação dos Artesãos. O imaginário feminino atravessa sua produção em cerâmica, com foco para temas como casamento, maternidade e a moda local. Aos 24 anos, João Pereira casou-se com Glória Maria Andrade, filha de Izabel Mendes, e se tornou discípulo de Izabel Mendes. Após os ensinamentos e o desenvolvimento de um apuro técnico, o artista criou, em 1980, seu próprio ateliê, onde diversifica os temas ligados à sua produção: mulheres na janela, franciscanos e casais de noivos acabam por fazer parte do seu repertório. Ateliê Izabel Mendes – Izabel Mendes – Itinga (MG), 1924-2014Núcleo BaobáFilha de Izabel Mendes, Glória Maria Andrade busca manter e atualizar a prática ensinada pela mãe. A artista acompanhava a mãe nas feiras de Santana do Araçuaí para auxiliar na venda das cerâmicas. Em sua produção, notam-se os temas com os quais Izabel costumava trabalhar, como a noiva e a leitora, porém Glória Maria renova a visualidade de suas figuras a partir de técnicas de coloração contemporâneas e de expressões de calmaria. Charlene Bicalho – João Monlevade (MG), 1982Núcleo AmefricanasArtista visual, curadora de articulações criativas e educadora, Charlene Bicalho ministra cursos e oficinas, participa de comissões de seleção e orienta artistas no programa [DES]manches. Sua pesquisa investiga as possibilidades de criação de espaços contra-hegemônicos de aprendizagem, cujo trabalho leva em conta a importância do processo artístico. A água aparece em sua poética como elemento capaz de revelar e desestruturar relações de poder. Dadinho – Diamantina (MG), 1931 – Nova Iguaçu (RJ), 2006Núcleo BaobáSeu primeiro contato com a madeira foi mediado por seu pai, Pedro, que o introduziu no ofício de carpinteiro. Mesmo apto no ofício, a habilidade escultórica veio à tona em pequenas figuras que realizava em cascas de laranja, o que atraiu a atenção de um inesperado comprador. A partir de 1977, inspirado pelas raízes e troncos e pela arquitetura de Nova Iguaçu, passou a fazer suas esculturas tentaculares, que exibem formas exuberantes. Dyana Santos – Belo Horizonte (MG), 1987Núcleo AmefricanasDoutoranda pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Dyana Santos atualmente tem-se dedicado à linguagem escultórica e instalativa, partindo da anatomia do seu próprio corpo, para dar forma a estruturas vestíveis feitas de aço oxidado, com detalhes de alumínio e cobre. Estabelece relação, também, com as técnicas de costura empreendidas por mulheres de sua família, em um gesto de desestruturar a memória da colonialidade e do patriarcado. Eustáquio Neves – Juatuba (MG), 1955 Núcleo Organização JáFotógrafo e videoartista, Eustáquio Neves graduou-se em Química em 1980. A partir de seus conhecimentos nessa área, desenvolveu em sua prática artística uma linguagem experimental, marcada pela manipulação de diferentes negativos fotográficos. Em sua poética, recupera e amplia a memória afro-brasileira ligada a comunidades negras, como os quilombos. FROIID – Belo Horizonte (MG), 1986Núcleo Organização JáFROIID é artista multidisciplinar e curador, mestre em Artes Visuais pelo Programa de Pós-Graduação em Artes pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Em seus trabalhos, apropria-se do imaginário dos jogos, presente no cotidiano de trabalhadores negros, buscando nos elementos e regras do futebol de várzea, da sinuca e do jogo do bicho estratégias para repensar as hierarquias de poder e de ocupação dos espaços. Gabriel Lopo – Montes Claros (MG), 1997Núcleo Legítima DefesaGabriel Lopo participou de eventos de poesia na adolescência e foi militante de movimentos sociais durante 8 anos, quando diversificou sua relação com culturas urbanas. Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), lida em seus trabalhos com temas que tocam na distribuição desigual do desenvolvimento e em tensões raciais e ideológicas. Gustavo Nazareno – Três Pontas (MG), 1994Núcleo Negro VidaArtista visual mato-grossense, vive e trabalha em São Paulo. Nazareno desenvolve pesquisa sobre o pictórico e a imagética Iorubá afro-brasileira, em manifestações plásticas que aplica à pintura a óleo, e aos desenhos em carvão. Ele parte de uma reflexão iconográfica que referencia o corpo e denota confluências entre a religiosidade, a moda e a História negras. João Cândido – Campo Belo (MG), 1933Núcleo BaobáPintor vindo de uma família de artistas, João Cândido demonstrou sua inclinação para as artes plásticas desde a infância, acompanhando a mãe – pintora e escultora – em suas produções. Em suas obras, dá luz a temas tradicionais das festas populares atreladas a visões de mundo sincretizadas, que chamamos de “folclore brasileiro”, aplicando-as sobre os suportes mais variados possíveis, não se limitando ao pictórico e explorando também a madeira, o papel, o arame recozido, entre outros materiais. Jorge dos Anjos – Ouro Preto (MG), 1957Núcleo Negro VidaArtista plástico escultor, iniciou sua formação na Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop). Suas obras têm como referência elementos minerais e a influência do barroco e do imaginário africano. Faz esculturas com chapas de ferro oxidado e no óxido gravado nas telas. Explora, na pedra-sabão e na madeira, ensaios tridimensionais que formam signos de natureza morfológica – uma afro grafia do alfabeto. Luana Vitra – Contagem (MG), 1995Núcleo Negro VidaArtista plástica, dançarina e performer, graduou-se em Artes Plásticas pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Cresceu em Contagem, cidade industrial, atualmente vive e trabalha em Belo Horizonte. Em sua produção, Vitra busca reivindicar aspectos de sua memória local por meio da expressão da inquietude causada na busca da sobrevivência e da cura das paisagens que habita, utilizando através do processo de subjetivação de si e do que observa. Marcel Diogo – Belo Horizonte (MG), 1983Núcleo AmefricanasGraduado em Pintura e Licenciatura pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coordena o Atelier do Ressaca na fronteira entre as cidades de Belo Horizonte e Contagem, além de lecionar em uma escola pública. Desenvolve pesquisa em diversos formatos que atravessam a pintura, a performance, a fotografia, instalações, entre outros, nos quais se destacam sua produção pictórica e curatorial. Com um olhar atento, Marcel produz trabalhos de cunho político, com uma reflexão intensa sobre a violência. Marcos Siqueira – Serra do Cipó (MG), 1989Núcleo Negro VidaArtista visual esculturista, trabalhou durante 15 anos como pintor de letreiros publicitários. Suas primeiras criações foram feitas em cimento, levando as formas para a madeira após a influência de Mestre Ademar. Marcos traz um estilo próprio, que diz ser “cômico, numa mistura de popular e barroco”, no qual mistura os signos dos anjos e santos, aos de cangaceiros, pescadores, vaqueiros e agricultores. Marcus Deusdedit – Belo Horizonte (MG), 1997Núcleo RomperGraduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é desenvolvedor do projeto Laboratório de Arquitetura Remixada (RELAB), trabalho de pesquisa continuada e multimídia, experimentando escalas, física ou virtualmente, e a intersecção entre as linguagens de arquitetura, design, arte e tecnologia. Sua produção, de característica iconográfica, tem como temáticas as práticas de consumo e estética negra no Brasil e a junção de corpos negros a fundações e preceitos arquitetônicos. Maré de Matos – Governador Valadares (MG), 1987Núcleo Legítima DefesaArtista transdisciplinar, poeta da imagem, Maré de Matos, vive e trabalha em São Paulo. É graduada em Artes Visuais pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), e doutoranda no núcleo diversitas da Universidade de São Paulo (USP). Atravessa os formatos de pintura, arte pública, instalações, a feitura de bandeiras, a fotografia e a escultura. Brinca com as palavras e os significados por meio de expressões multimídia, tensionando entre o entendimento objetivo e subjetivo a fim de explicitar os entendimentos de seus estudos sobre as interações do pensamento, da imagem e da palavra. Maria Auxiliadora – Campo Belo (MG), 1938 – São Paulo (SP), 1974Núcleo RomperVinda de uma família de artistas, ainda muito jovem Maria Auxiliadora deixou os estudos para trabalhar como empregada doméstica e bordadeira. Concomitantemente deu início a sua produção, explorando entre o bordado e as artes plásticas. Suas obras retratam cenas da vida doméstica e rural, religiões afro-brasileiras, danças, festas, carnavais, temáticas populares e aspectos da vida urbana e cotidiana das comunidades de São Paulo. Maria Lira Marques – Araçuaí (MG), 1945Núcleo BaobáPintora, ceramista, escultora e pesquisadora natural do Vale do Jequitinhonha, Mestre Lira ou Maria Lira Marques tem no cerne de suas expressões, o elemento primordial: o barro. Desde a infância trabalha nas mais diversas manufaturas e dedica-se a seu ofício artístico, que também perpassa pelo lírico do coral. Lira dá vida à sua imaginação e ao seu olhar sobre a vida e o sertão mineiro, por meio de um imaginário permeado de influências afro-brasileiras e indígenas. Massuelen Cristina – Sabará (MG), 1992Núcleo Negro VidaArtista visual, arte educadora, curadora e pesquisadora, é graduada em Psicologia pela Universidade Fundação Mineira de Educação e Cultura (Fumec), e especialista em Artes Visuais pelo Centro Interescolar de Cultura Arte Linguagens e Tecnologias. Utilizando-se da performance, da pintura, do audiovisual e da instalação, a artista busca, por meio de um estudo sobre a etnografia, retratar a significação do tempo e do espaço dentro dos contextos de que participa e que observa. Entre símbolos e signos, ressignifica iconografias. Mateus Moreira – Belo Horizonte (MG), 1996Núcleo Negro VidaArtista visual é graduado em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na inquietude materializada e trazida na perspectiva de suas obras, Mateus cria um universo que transforma as ameaças políticas, ecológicas e industriais do contexto contemporâneo em vislumbres de um futuro distópico, para que se possa reimaginar o amanhã ainda no presente, de uma forma catártica e reflexiva frente aos desafios do cotidiano. Mestre Antônio de Bastião – São Benedito do Capivari (MG), 1945Núcleo Organização JáMestre tamborzeiro, dá continuidade ao ofício que aprendeu com seus ancestrais na feitura dos tambores, e o leva com fé. Mestre Antônio diz: “O som dos tambores conversa com Deus. O som dos tambores conversa com o anjo da guarda. O som dos tambores bate forte no coração do ser humano. Os tambores são fonte de vida, de tudo”. Mestre Valentim – Serro (MG), 1745 – Rio de Janeiro (RJ), 1813Núcleo RomperValentim da Fonseca e Silva, mais conhecido como Mestre Valentim, foi um escultor, entalhador e urbanista, considerado um dos principais artistas do Brasil Colonial. Foi levado por seu pai a Portugal, onde aprendeu seu ofício artístico. Suas obras têm estilo “híbrido”, juntando as influências barroca e rococó em objetos e ornamentos relacionados à produção arquitetônica. Noemisa Batista dos Santos – Caraí (MG), 1947Núcleo BaobáImportante ceramista do Vale do Jequitinhonha, aos 7 anos aprendeu o ofício da cerâmica com a mãe. Desde cedo desvinculou-se da função utilitária dos objetos construídos em argila e, de maneira imaginativa, passou a retratar no barro cenas de seu entorno, como rituais religiosos, figuras humanas e festejos locais. Sua obra integrou exposições como a Mostra do redescobrimento (Fundação Bienal de São Paulo) e Brésil: Arts Populaires (Grand Palais, Paris), e faz parte do acervo do Museu da Casa do Pontal, no Rio de Janeiro. Paula Duarte – Juiz de Fora (MG), 1990Núcleo Legítima DefesaGraduada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em Comunicação Social e em Artes e Design, foi contemplada pelo Prêmio Funalfa de Fotografia e participou de programas acadêmicos pela Faculdade de Belas Artes do Porto, em Portugal. Possui uma pesquisa marcada pela presença de linguagens híbridas de poéticas negras contemporâneas e decoloniais, propondo que o observador de seu trabalho saia de um lugar de alheamento e passividade em relação às violências sociais que caracterizam nosso cotidiano. Paulo Nazareth – Governador Valadares (MG), 1977Núcleo Legítima DefesaIntegra acervos como o da Boros Collection de Berlim, Thyssen-Bornemisza Art de Viena, Pinacoteca de São Paulo, Museu de Arte do Rio, entre outros. Sua obra investiga questões relacionadas à imigração, ao colonialismo e ao racismo, desdobradas em diferentes mídias, que têm como principal resultado a construção de relações e o cultivo de vínculos com indivíduos colocados à margem e que cruzam seus caminhos durante a concepção física e conceitual de seu trabalho, em seu devir nômade. Priscila Rezende – Belo Horizonte (MG), 1985Núcleo RomperGraduada em Artes Visuais pela Escola Guignard da Universidade Estadual de Minas Gerais (UFMG), expôs seu trabalho no 31o Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo e em Um defeito de cor, no Museu de Arte do Rio. Com uma produção desdobrada em diversas linguagens e alicerçada na performance, a artista, por meio de ações corporais viscerais, tensiona questionamentos sobre raça, identidade, inserção e presença do indivíduo negro e das mulheres na sociedade contemporânea. Rafael LaCruz -Belo Horizonte (MG), 1991Núcleo Legítima DefesaIlustrador, quadrinista, artista visual com formação no audiovisual e em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), seu trabalho aborda de temáticas sociais à cultura pop, transitando também pelo muralismo, animações e novelas gráficas. Sonia Gomes – Caetanópolis (MG), 1948Núcleo BaobáArtista visual graduada pela Escola Guignard da Universidade Estadual de Minas Gerais (UFMG), integra importantes acervos ao redor do mundo, como o do Guggenheim Museum e do Museum of Modern Art (EUA), Reina Sofía (Espanha), entre outros. Por meio de gestos de cuidado, que vão da escolha e do respeito às cores, formas e texturas dos materiais, passando por costura, suspensões, torções e embrulhos, a artista revela uma pesquisa que resulta da ambição de recriar o mundo ao seu redor. Tiago Gualberto – Contagem (MG), 1983Núcleo Negro VidaDoutorando pelo Instituto de Artes da Universidade de Campinas (Unicamp), seus trabalhos integram acervos como o do Museu Afro Brasil Emanoel Araújo, Centro Cultural São Paulo, e Tamarind Institute (EUA). Utilizando diferentes mídias, propõe questionamentos a partir da relação entre memória e história, usos sociais de linguagem e apagamentos narrativos, a partir de debates em torno da justiça social e cidadania. Ulisses Mendes – Itinga (MG), 1955Núcleo BaobáArtista e lavrador do Vale do Jequitinhonha, insere suas vivências na construção do trabalho e ministra oficinas por todo o Brasil. Aprendeu o ofício da cerâmica com a família e o domínio do material ao ajudar a mãe na extração do barro, preparação da massa e comércio das peças. Histórias locais, figuras de pessoas escravizadas, lavradores, pessoas desempregadas e mães carregando seus filhos, substituindo a figura de Cristo em crucifixos, são alguns de seus trabalhos mais emblemáticos. Valdir Rodrigues – Januária (MG)Núcleo RomperArtista já falecido da região do médio Rio São Francisco, incorporou em suas esculturas a singularidade da expressão popular e religiosa das festas mineiras. Foi um dos grandes nomes a contribuir para a expansão e valorização da arte da região. Vicente de Paula Silva – Campo Belo (MG), 1930-1980Núcleo AmefricanasEscultor, pintor e poeta, proveniente de uma numerosa família, teve contato com a arte desde cedo, pois era filho de Maria Aparecida Silva, pintora e escultora, e irmão de João Cândido e Maria Auxiliadora, também artistas. Teve na escultura em madeira o espaço para imprimir cenas do cotidiano, unindo técnica e intuição. Durante os anos 1960, aproximou-se da Família Trindade, junto aos seus irmãos, e foi um dos precursores pela emancipação do município de Embu das Artes (SP), onde viveu e produziu em boa parte da vida. Walla Capelobo – Congonhas (MG), 1992Núcleo Legítima DefesaArtista Afrotransfeminista e anticolonial, e mestranda em Estudos Contemporâneos de Arte pela Universidade Federal Fluminense (UFF), integra diversos grupos de pesquisa e fez parte do Pivô Arte e Pesquisa 2021. Em seu trabalho, Walla investiga o atravessamento da potência e ancestralidade da terra, e os saberes e ensinamentos em relação à sua própria existência. |