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Chuvas fortes em Belo Horizonte: comportamento humano pode potencializar eventos climáticos extremos

 

Doutora e docente do curso de Engenharia Ambiental do UniBH, Elizabeth Rodrigues, destaca que disciplinar o cidadão é o grande desafio na tratativa das mudanças climáticas

Na noite da última terça-feira (23), um forte temporal causou alagamentos em diversas regiões de Belo Horizonte. Pessoas ficaram ilhadas, carros foram arrastados e árvores caíram em perímetros urbanos, deixando a capital mineira em alerta. Dados da Defesa Civil informam que, em pouco mais de duas horas, a cidade registrou 86,6 milímetros (mm) – o que corresponde a 26,2% do volume previsto para todo o mês de janeiro, de 330,9 mm.

Mas a que podem ser atribuídos eventos tão repentinos e potencialmente desastrosos? Um dos grandes agentes destes efeitos é o panorama de mudanças climáticas percebido em todo o planeta. Em pesquisa sobre o impacto das Mudanças Climáticas desenvolvida em novembro pelo Instituto de Potsdam, o aquecimento global, provocado pela elevação da emissão de gases de efeito estufa, aumentou significativamente a possibilidade de acontecerem chuvas muito acima do esperado. Os maiores aumentos ocorrerão em regiões tropicais e latitudes altas, como sudeste asiático e o norte do Canadá. Isso se deve sobretudo ao ar quente, que pode conter mais vapor de água.

No Brasil, as mudanças climáticas não deixarão apenas os dias mais quentes. Durante o verão, calor forte e elevados índices pluviométricos coexistem no mesmo espaço e ao mesmo tempo. Com o aumento das temperaturas, intensifica-se a evaporação e os níveis de umidade em algumas regiões, tornando esses locais mais propensos a tempestades. A ação humana, por sua vez, tem papel importante no aumento ou mitigação dos eventos climáticos extremos. É o que explica a doutora e professora do curso de Engenharia Ambiental do UniBH, Elizabeth Rodrigues.

“As mudanças climáticas estão atreladas ao comportamento humano, desde a forma como é feito o uso e ocupação do solo – como descartes de resíduos incorretos e desmatamentos irregulares, uma vez que alterações no clima e nos aspectos meteorológicos são afetados por nossas ações –, bem como por situações naturais do ambiente. Para tanto, o mais complexo atualmente é disciplinar o cidadão quanto à conscientização ambiental e a gestão pública e privada sobre focar em tecnologias sustentáveis e ambientalmente corretas”, conta.

De acordo com a ONU, as mudanças climáticas são transformações a longo prazo nos padrões de temperatura e clima, que podem ser naturais, como as que ocorrem por meio da variação do ciclo solar, ou provocadas por atividades humanas – tendo como exemplo a queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás) e a emissão de gases de efeito estufa oriunda dela.

Num panorama mundial, o aumento da temperatura altera o ciclo de evaporação da água, estimula o degelo nas regiões mais frias e afeta a emissão de radiação de calor na Terra. Tudo isso tende a potencializar a formação de chuvas, que podem se tornar mais frequentes, se não, mais destrutivas e menos previsíveis.

Para fazermos a nossa parte, a professora destaca que pequenas ações no dia a dia podem ajudar a mitigar as emissões. Produzir menos lixo e evitar produtos com muita embalagem e itens plásticos – uma vez que a decomposição em lixões e aterros sanitários produzem dióxido de carbono e metano –, substituir o transporte particular pelas bicicletas ou transportes públicos, reduzindo as emissões, “ são coisas simples do cotidiano que podem ser feitas para melhorar a qualidade do ar, aumentar a vida útil de aterros e não expandir a sua ocupação”, conclui.

 

 


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