Construir uma agenda positiva para a região, será?
Denilde Oliveira Holzhacker
Começou ontem, 06 de junho, em Los Angeles, Estados Unidos, a 9ª. Cúpula das Américas que reunirá, sob a liderança do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e líderes de nações da América do Norte, do Sul, Central e do Caribe. Em um momento de grande incerteza global, com a guerra na Ucrânia e frente ao avanço chinês no continente, os Estados Unidos buscam construir uma agenda positiva para o desenvolvimento da região. No entanto, as expectativas entre os países não são de grandes avanços em uma agenda de cooperação, sendo esperado alguns debates sobre meio ambiente, fortalecimento da democracia e direitos humanos.
Para o Brasil, o evento poderá significar um retorno das conversações entre Bolsonaro e Biden em agendas de interesses dos dois países. Espera-se uma pressão dos norte-americanos para que o governo brasileiro se comprometa com o fortalecimento democrático e o apoio aos observadores eleitorais. Por outro lado, o governo brasileiro quer discutir temas ligados ao comércio bilateral.
Do ponto de vista doméstico, a participação na Cúpula tem um significado de demonstrar que o presidente Bolsonaro não está isolado internacionalmente e o Brasil, durante seu governo, continua sendo um importante líder hemisférico. Esse será o tom do discurso e narrativa para sua base eleitoral, que já utiliza o argumento de que o Bolsonaro está indo a Los Angeles para ajudar que o encontro não seja um fracasso.
Para os Estados Unidos, a Cúpula tem um papel importante para reafirmar sua posição na região e fortalecer a aliança frente ao avanço econômico e comercial chinês. Nada indica que essa edição do evento não será diferente das anteriores, em que as expectativas sempre foram muito maiores do que os resultados finais.
Denilde Oliveira Holzhacker é coordenadora geral do programa de pesquisa e pós-graduação Stricto sensu da ESPM, professora no curso de Relações Internacionais da ESPM. É doutora e mestre em Ciência Política.
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