Estudo da UFSC revela aumento na quantidade de plásticos no Oceano Atlântico
Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) revisaram 181 artigos científicos para analisar a poluição na costa Sul-Americana do Oceano Atlântico, revelando a distribuição, características e impactos dos detritos plásticos no mar. Este estudo destacou que a costa Sul-Americana é a mais poluída entre todos os oceanos, e também examinou as políticas e iniciativas legais para combater esta ameaça ambiental. Em média, 70% dos resíduos coletados nas praias são plásticos, sendo mais prevalentes em praias de fácil acesso e próximas a áreas urbanas, destacando a necessidade urgente de ações para mitigar essa poluição.
Entre 2010 e 2017, o estudo observou um aumento de dez vezes na ingestão de detritos plásticos por tartarugas, peixes, aves e mamíferos marinhos, causando sérios problemas de saúde e ameaça à vida desses animais. A tartaruga-verde, uma espécie ameaçada de extinção, foi especialmente afetada, com 93% dos indivíduos encontrados na costa brasileira tendo ingerido detritos plásticos, como sacolas, que podem ser confundidos com alimento.
Análise: Luisa Santiago, diretora executiva para a Fundação Ellen MacArthur na América Latina
Os dados apresentados pelo estudo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) corroboram com as previsões de pesquisas anteriores sobre o impacto do plástico nos oceanos. Um exemplo alarmante é a estimativa de que, até 2050, o volume de plástico nos oceanos poderá superar o de peixes. Além disso, o estudo “Breaking the Plastics Wave”, projetou que até 2040 a quantidade de plástico colocado no mercado dobrará, triplicando a quantidade que vaza para o meio ambiente e quadruplicando os estoques de plástico nos oceanos.
A situação é grave e a necessidade de soluções eficazes é urgente. A grande maioria desses plásticos que param nos oceanos são de embalagens de produtos. Portanto, para resolver a crise, precisamos de uma abordagem de economia circular, que considera toda a cadeia do plástico, começando pelo design dos produtos e dos modelos de negócio. O problema não será resolvido com limpeza de praias e reciclagem.
Os produtos precisam ser projetados e redesenhados para eliminar todos os plásticos desnecessários e problemáticos, como os plásticos de uso único, que vão parar no ambiente após muito pouco tempo de utilidade. Além disso, para os plásticos que são necessários, precisamos inovar, para que todos eles sejam reutilizáveis, recicláveis e compostáveis. Por fim, é crucial ampliar os sistemas de reuso e reciclagem para manter os itens plásticos necessários circulando na economia. Paralelamente, políticas governamentais devem facilitar essas estratégias, estimulando o design de produtos e sistemas alinhados à economia circular, a inovação, ampliando os sistemas de coleta e circulação e desincentivando produtos e práticas que geram poluição plástica.
Em sua primeira visita ao Brasil, diretora-executiva do PNUMA ressalta importância do design de embalagem para combater poluição plástica

Como parte da agenda, Andersen, juntamente com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, visitou a Central de Cooperativas de Trabalho de Materiais Recicláveis do Distrito Federal (CENTCOOP-DF). Lá ela destacou o papel central dos catadores no enfrentamento à poluição plástica e enfatizou a necessidade de que, durante a próxima rodada de negociações do tratado, os países se aprofundem o redesenho dos produtos e embalagens como forma de evitar que mais resíduos plásticos sejam gerados.
O oficial de políticas para a América Latina na Fundação Ellen MacArthur, Pedro Prata, que esteve presente na última rodada de negociações sobre o Tratado Global dos Plásticos, também foi a Brasília, a convite do PNUMA, para acompanhar a visita de Andersen no Brasil.
Análise: Pedro Prata, oficial de políticas para a América Latina na Fundação Ellen MacArthur
Este é um momento crucial para intensificar o entendimento do que realmente irá resolver a poluição por plásticos. Estamos indo para a última etapa de negociação do Tratado Global e precisamos que os países priorizem aquilo que será mais eficiente, como as soluções que deixam de colocar plásticos problemáticos e desnecessários no mercado, e as que mantém os plásticos necessários em circulação e fora do meio ambiente.
A presença da Inger Andersen no Brasil, neste momento, mostra a importância do país no processo de negociação. O Brasil é visto como um intermediador entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento em função da voz que tem entre os países do Sul Global. Além disso, tem posições relevantes sobre os impactos sociais do tratato, como para o emprego e renda, que demonstram que o acordo terá implicações para além do aspecto material. Por esse motivo, é importante que o tratado olhe para a transição justa e para a transferência de recursos e tecnologia dos países ricos para os países em desenvolvimento.
O Brasil, como esse olhar apurado para a questão social, pode também apurar o olhar para o design de produtos e os sistemas que mantém o plástico em circulação. Priorizar o design para evitar a geração de resíduos é a nossa melhor chance de enfrentar a poluição plástica, e o país pode contribuir muito para elevar essa ambição durante as negociações.
Artigo: “Escolas de pensamento que inspiraram a economia circular”
De onde surgiu a ideia de uma economia circular? Quais escolas de pensamento ou ideias inspiraram o conceito? As origens do pensamento da economia circular vêm de vários lugares, sendo refinadas e desenvolvidas ao longo dos anos.
A economia circular é um modelo que busca gerar prosperidade no longo prazo ao dissociar a geração de valor do consumo de recursos finitos e da degradação da natureza. Hoje, dizemos que a economia circular é baseada em três princípios: eliminar resíduos e poluição, circular produtos e materiais e regenerar a natureza – tudo isso impulsionado pelo design. Este conceito se inspirou em várias escolas de pensamento, como o Cradle to Cradle, a Economia Azu”, o Design Regenerativo, a Ecologia Industrial, a Biomimética e a Economia do Desempenho. Conheça cada uma dessas escolas para entender como elas agregaram ao modelo da economia circular.
Entenda mais no artigo na íntegra.
Até a próxima!
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![]() Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA, em sua primeira visita ao Brasil, junto com Pedro Prata, oficial de políticas públicas para a América Latina na Fundação Ellen MacArthur Divulgação | Fundação Ellen MacArthur baixar em alta resolução |
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