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Expectativa familiar e dificuldades financeiras causam transtornos emocionais em alunos de universidade pública federal

 

Ansiedade e desânimo causam desistência em discentes das universidades públicas federais no Brasil

Este talvez seja o período histórico cujos agentes sejam mais assolados por tormentas psíquicas e transtornos mentais. Em todos os setores da sociedade, problemas relacionados à ansiedade e à frustração surgem na vida dos indivíduos que dela participam. O estresse, a falta de dinheiro e o acúmulo de funções estão entre os principais motivadores de ansiedade e da depressão que acometem o ser social da modernidade. Na universidade, este fato também é real e atrapalha a vida de milhares de estudantes.
Crescem os índices de adoecimento psíquico da juventude brasileira. Órgãos de saúde e setores da educação se preocupam com os acadêmicos desta geração. Conforme a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), há um número cada vez maior de universitários que enfrentam tribulações emocionais durante a jornada de estudos (83,5%).
Rodrigo Bouyer, avaliador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e Sócio da Somos Young, afirma que o problema que acomete a juventude no ensino é um reflexo da precarização da educação: “Um dos fatores é a diferença da qualidade da entrega da educação, principalmente quem sai do ensino médio para o ensino superior, boa parte dos alunos, principalmente oriundos da rede pública, não conseguem acompanhar o ritmo da turma e desistem do curso. Às vezes as pessoas não entendem que mesmo sendo um estudante de ensino superior público, os gastos existem e não são poucos. Gastos com transporte, alimentação, roupas, papelaria, livros entre outros e nem sempre as pessoas conseguem suprir estes gastos. Não é fácil e não é barato fazer ensino superior no Brasil”.
Frequentemente, sintomas como ansiedade e desânimo são os que mais aparecem no estudo. Em seguida, ideações suicidas ou mórbidas. Estes últimos dados são problemáticos, já que, segundo a Andifes, o suicídio é a segunda causa de morte entre os discentes universitários.
Tais ocorrências podem estar associadas às formas de ingresso nas instituições, à mobilidade social e geográfica propiciada pelo Enem e pelo Sisu. Esses dados revelam uma precarização do ensino brasileiro, o qual está longe de ser inclusivo. A verdade é que há uma cisão social que aparta boa parte da população egressa das escolas públicas. Negros, indígenas e pessoas com baixa renda estão entre os que mais sofrem com esse processo.
O problema financeiro ainda é um dos maiores critérios que causa problemas mentais em educandos nas IES (Instituições de Ensino Superior) não pagas. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a renda média com que o brasileiro se sustenta está em R$3.118. A carga excessiva de trabalhos e o deslocamento até o campus também estão entre os fatores que colocam essas pessoas em situações precarizadas.
O especialista ainda sustenta que há poucas alternativas para esses indivíduos sobreviverem ao período em que estão na academia: “Outros motivos que percebemos ao conversar com os interessados em ensino superior aqui na Young é a desesperança de acesso ao ensino superior público de uma fatia importante da população, egressa de escola pública. Com condições precárias de estudo durante o ensino médio, uma parcela importante desta população, simplesmente, sequer cogita a possibilidade de fazer o Enem, haja vista que o Fies se tornou um sonho inatingível e que ser aprovado em grande concorrência nas universidades públicas nunca foi uma meta realizável”.
Todo o sistema, que parece estar em colapso, participa, em alguma medida, das taxas de evasão universitária. Entre os acadêmicos das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), o número dos que já pensaram em abandonar a graduação passa da metade. 32,8% justificaram que a falta de motivação foi decorrente de dificuldades financeiras; 29,7%, altas exigências acadêmicas; 23,6%, dificuldades para conciliar estudos e trabalho; 21,2%, problemas de saúde. A maior proporção de desistência está associada às despesas e à baixa renda dos indivíduos.
Enem 2024
Nesta sexta (7), encerram-se as inscrições para quem quer participar do Enem. Esta é a principal porta para o ensino superior no país. A prova será aplicada nos dias 3 e 10 de novembro. Estudantes que querem ingressar em instituições em Portugal também devem aproveitar esta chance. Além disso, por este meio também há ingresso para programas de financiamentos governamentais como Fies, Prouni e o Sisu.
O Enem também está arrolado em um dos critérios para receber a parcela de R$200 do incentivo financeiro educacional Pé-de-Meia, do Ministério da Educação, também destinado à permanência e à conclusão escolar daqueles que possuem matrícula no ensino médio público. A taxa de inscrição é de R$85 e pode ser paga até a próxima quarta-feira (12).
Os moradores do Rio Grande do Sul terão o prazo prorrogado para participar do exame, devido à calamidade que assolou o estado. O Ministério Público ainda não publicou o novo calendário para esta população, que terá isenção da taxa de inscrição.
4.018.414 se inscreveram no Enem em 2023. Segundo o Instituto Nacional de Estudos Anísio Teixeira (INEP), os números de participantes da rede pública aumentaram em relação a 2022, mas a meta ainda é baixa. De 1.792.396 dos matriculados no ano passado, 1.181.081 fizeram a inscrição e somente 837.622 fizeram a prova, menos da metade (46,7%).
CALENDÁRIO DO ENEM 2024
  • Inscrições: 27.mai a 7.jun
  • Pagamento da taxa de inscrição: 27.mai a 12.jun
  • Tratamento pelo nome social: 27.mai a 7.jun
  • Atendimento especializado: Solicitação (27.mai a 7.jun), resultado (17.jun), recurso (17 a 21.jun) e resultado do recurso (27.jun)
  • Dias de provas: 3 e 10.nov
  • Solicitação de reaplicação: 15.nov às 11h
  • Reaplicação das provas: 10 e 11.dez
  • Divulgação do gabarito: 20.nov
  • Divulgação do resultado final: 13.jan.2025

 

Número de alunos com transtorno emocional em universidades cresce
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