Fernanda Torres reacende debate sobre “blackface
Fernanda Torres reacende debate sobre “blackface
Presidente da ADDP comenta sobre contexto histórico e social
A atriz Fernanda Torres emitiu um pedido público de desculpas no último domingo por ter realizado blackface (que é quando uma pessoa branca pinta o rosto ou o corpo de preto para interpretar uma pessoa negra) em uma cena de um programa de televisão em 2008.
O tema volta à discussão após o esquete circular nas redes sociais. Em entrevista a um jornal norte-americano, a atriz afirmou: “Quase 20 anos atrás, apareci de blackface em um esquete de comédia de um programa de TV brasileiro. Sinto muito por isso. Estou fazendo esta declaração porque é importante para mim abordar isso rapidamente para evitar mais dor e confusão.”
Francisco Gomes Junior, advogado especialista em Direito Digital e presidente da Associação de Defesa dos Direitos das Pessoas (ADDP), avalia o posicionamento da atriz e explica o contexto histórico e jurídico envolvendo casos semelhantes. “No direito brasileiro, levamos em consideração, além das leis escritas, os hábitos e costumes de uma determinada época. O que era aceito no passado pode não ser mais hoje. O blackface, por exemplo, era uma prática recorrente em produções humorísticas de décadas passadas, inclusive em grandes filmes internacionais. No entanto, atualmente, essa prática é considerada ofensiva e discriminatória.”
Gomes Junior enfatiza a evolução social e cultural em relação ao tema. “Hoje, o blackface é visto como uma caricatura que reforça estereótipos e desrespeita a dignidade das pessoas negras. Embora na época do esquete de Fernanda Torres isso fosse tolerado, a sociedade avançou e passou a reconhecer a gravidade dessa prática. Juridicamente, não há como retroagir a condenação de um comportamento aceito no passado, mas a inadequação social é evidente.”
Ao comentar o pedido de desculpas da atriz, o presidente da ADDP destaca a importância da atitude. “Fernanda Torres foi muito feliz em se posicionar e reconhecer que, apesar de na época o blackface ser aceito, ela se arrepende de ter feito e pede desculpas. Essa autocrítica demonstra humildade e evolução pessoal. A sociedade precisa de exemplos como esse, que reforcem a importância de aprendermos com os erros do passado para construir um futuro mais respeitoso.”
O episódio reacende debates sobre a necessidade de reavaliar produções culturais do passado à luz dos valores contemporâneos, destacando que hábitos e costumes estão sempre sujeitos às mudanças sociais.
Fernanda Torres recebeu a pouco tempo o Globo de Ouro e concorre ao Oscar 2025, por sua atuação no longa Ainda Estou Aqui, de Walter Salles.
Dr. Francisco Gomes Júnior: Advogado sócio da OGF Advogados, especialista em Direito Digital e presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP). Instagram: @franciscogomesadv – @ogf_advogados
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