Festas durante o lockdown: seria o fim do governo de Boris Johnson?
Crise de imagem do primeiro-ministro do Reino Unido chega ao ápice. Governo do premiê britânico já havia passado por outra onda de escândalos pela quebra do lockdown por membros do seu gabinete–
Para o professor de Relações Internacionais da ESPM, Roberto Uebel, por mais que se tenha um ambiente propício para uma moção de desconfiança contra o premiê Boris Johnson, é improvável que haja uma mudança radical no governo britânico no curto prazo. Nos últimos dias, Johnson, do partido Conservador, vem enfrentando protestos no Parlamento e na sociedade por ter sido flagrado em uma festa durante um dos piores períodos de lockdown. A oposição pede sua renúncia. E há possibilidade do próprio partido Conservador lançar uma moção de desconfiança contra Johnson, o que o sacaria do cargo de primeiro-ministro.
Na análise de Uebel, porém, Johnson deve resistir às pressões – pelo menos por ora. “Hoje, o Reino Unido não possui um nome forte no partido conservador que possa substituir Johnson e conduzir a agenda política”, diz Uebel. “Além disso, convocar eleições em um período de novas restrições de circulação de pessoas por conta da variante ômicron da covid-19 seria especialmente complicado.”
O professor também lembra que outros escândalos no Reino Unido – sendo o maior deles o envolvimento do Princípe Andrew em casos de abuso sexual de menores e que fizeram com que ele perdesse seus títulos militares – dividem a opinião pública e a atenção da sociedade britânica. “Esse caso vem ganhando um grande espaço na mídia – o que é bom para Johnson, no momento.”
Embora exista a possibilidade de Boris Johnson se manter no cargo, Uebel acredita que seu governo ficará enfraquecido pelas várias crises ocorridas durante a pandemia de covid-19.