Internacional da Mulher: ainda há muito a se avançar no Brasil
Celebrado em 8 de março, o Dia Internacional da Mulher é um importante marco para relembrar as conquistas já alcançadas ao longo dos últimos séculos e, principalmente, refletir sobre os problemas de gênero ainda existentes no mundo. Há 90 anos, por exemplo, conquistamos no Brasil o direito ao voto feminino. O Estado do Rio Grande do Norte foi pioneiro nesse movimento e garantiu, em 1928, o direito de mulheres votarem e serem votadas. Nesse cenário, Alzira Soriano se tornou a primeira prefeita eleita no Brasil e na América Latina. A demanda ganhou força no início do século XX, mas foi concretizada apenas em 1932, quando o novo código eleitoral do país entrou em vigor. Dois anos depois, em 1934, o voto feminino passou a ser previsto pela Constituição. Após quase um século desde esse momento histórico, o quanto avançamos no sentido de garantir representatividade e voz às mulheres? Essas equivalem a mais da metade da população e do eleitorado brasileiro. Mais de 77 milhões de brasileiras devem votar nas eleições de outubro. Apesar da maioria absoluta, seguem sendo minoria nos espaços políticos de tomada de decisão. Por outro lado, a não fiscalização leva a questões que vão além da consolidação de uma política representativa. A falta de controle e punição estimula a manutenção de candidaturas fictícias ou laranjas, ou seja, mulheres que sequer sabiam ser candidatas, mas que foram usadas pelos partidos de modo que pudessem cumprir a cota e lançar suas candidaturas mais competitivas. A construção de um cenário político onde todas se sintam representadas e que os cargos de poder político sejam ocupados de forma a ser um reflexo mais fidedigno de seus eleitores e eleitoras, levando em conta a diversidade que é a população brasileira, ainda parece ser um sonho distante. É inegável que esforços estão sendo empreendidos com vistas à reversão desse cenário.
Um consenso é a necessidade de tornar as candidaturas femininas mais competitivas em todos os espaços e não apenas durante o período eleitoral. É fundamental que mais mulheres estejam presentes dentro das estruturas partidárias para que sejam também agentes tomadoras de decisão. Além disso, é fundamental não apenas elegê-la, mas construir um espaço onde sua governança seja possível.
Tania Ziulkoski Fundadora do Movimento Mulheres Municipalistas (MMM), da Confederação Nacional de Municípios (CNM) |