Mercado vegano: ações têm pouco apetite dos investidores mas tendência entre “flexitarianos” aumenta
A Stake, plataforma de investimentos no exterior, apontou as 5 ações mais negociadas no setor e apontou que na bolsa de valores, papéis ainda estão em altos e baixos
Dois hambúrgueres (de planta) alface, queijo molho especial… E ao que tudo indica, um futuro com menos carne é um caminho cada vez mais provável. Seja por questões éticas, ambientais ou de saúde, a redução do consumo é uma tendência inevitável para as próximas décadas. Não à toa, até as grandes marcas de fast-food entraram na era plant-based com o McPlant (Mc Donalds) e o Impossible Whooper (Burger King). A Stake, plataforma que conecta pessoas de diferentes países à oportunidades de investimentos, principalmente o mercado de ações americano, levantou as 5 ações mais negociadas no mercado vegano e apontou que há uma grande mudança de hábito entre os consumidores, principalmente os “flexitarianos” – aqueles que querem reduzir o consumo de carne.
Desde 2020, apenas o mercado de carnes vegetais atingiu a marca de US$ 29,4 bilhões em vendas, número que pode se multiplicar em até cinco vezes até 2030, quando, segundo estimativa da Fortune, o mercado chegará à marca de US$ 162 bilhões. Na bolsa de valores americana, a movimentação se estende inclusive para todo mercado de consumo vegano.
Ação | Relação compra/venda | Performance nos últimos 12 meses | |
1ª | Tattoed Chef, Inc (TTCF) | 1,34 | -51,7% |
2ª | Beyond Meat, Inc (BYND) | 1,01 | -65,2% |
3ª | Oatly Group AB (OTLY) | 1,28 | -65,9% |
4ª | AppHarvest, Inc (APPH) | 2,32 | -91,2% |
5ª | Laird Superfood, Inc (LSF) | 4,29 | -87,2% |
Para Rodrigo Lima, analista de investimentos e editor de conteúdo da Stake, depois de IPOs muito aquecidos motivados por crenças na mudança de hábitos dos consumidores, as ações de companhias voltadas para o público vegano sofrem para justificar seus valuations na abertura de capital. Os motivos para isso são muitos.
“Em primeiro lugar, boa parte destas companhias ainda não atingiu um breakeven operacional, sofrendo com o aumento das taxas de juros mundo afora, além de negociar a múltiplos muito elevados, com um crescimento implícito esperado muito alto que, na maioria das vezes, não foi concretizado nos balanços posteriores das empresas”, avalia o especialista.
Além disso, o mercado parece ter subestimado a ideia de que companhias tradicionais tanto dos setores de proteínas, como a Tyson Foods e JBS, como também dos setores alimentícios como a Kraft Heinz e Kelloggs, pudessem se aproveitar do crescimento desse mercado, que é o que vem acontecendo.
“A ideia seria de que o consumidor se importaria não apenas com o produto, mas sim com toda a cadeia produtiva, que deveria ser focada em sustentabilidade. Apesar de parecer razoável, esse argumento parece esquecer que a maior fonte de receita para essas companhias não é encontrada entre o público exclusivamente vegano, altamente engajado em questões ambientais e sociais, mas sim nos “flexitarianos”, como ficaram conhecidas as pessoas que, por uma questão ou outra, gostariam de reduzir o consumo de carne, mas que encontram menos resistência para consumir produtos de grandes corporações”, pondera Lima.
Diante deste cenário, as companhias plant-based vêm sendo alvos de investidores que apostam nas quedas de suas ações. Atualmente a Beyond Meat conta com um short interest de 36%, isso é, de todas as ações disponíveis em circulação, 36% estão alugadas para investidores que estão realizando vendas a descoberto, apostando na queda das ações da companhia. Isso faz com que ela seja uma das empresas mais shortadas da bolsa americana, mas isso não é exclusividade da Beyond Meat.
“Das companhias listadas, apenas a Laird Superfood tem um short interest inferior a 5%. Apenas para fins comparativos, atualmente o short interest da Apple é de 0,5%, o que mostra que o mercado não parece ter muito apetite para as companhias voltadas ao público vegano. As refeições plant-based podem até ser o futuro, mas até que isso se concretize de fato, é possível que o investidor dessas companhias passe por altos e baixos de embrulhar o estômago”, avalia o especialista.
Sobre a Stake
Fundada em 2017 na Austrália, a Stake é uma plataforma que conecta pessoas à oportunidades de investimentos. Aqui no Brasil, ela facilita o investimento no mercado de ações americano, levando aos brasileiros as oportunidades de Wall Street de forma rápida e descomplicada. Com 450 mil clientes na Austrália, Reino Unido e Nova Zelândia, a plataforma chegou à América Latina em 2020 oferecendo atendimento em português, taxa zero de corretagem, sem investimento mínimo e acesso a mais de 6 mil ações e ETFs listados nas bolsas americanas, além da possibilidade de investir de forma fracionada, ou seja, comprar qualquer quantia em dólar de qualquer ação.
Em maio, a empresa anunciou uma bem-sucedida rodada de investimentos Serie A. Liderada pela Tiger Global e sócios da DST Global – que investiram juntos R$ 165 milhões – além de incluir investidores Family and Friends, a empresa captou R$ 210 milhões para impulsionar a expansão de seu produto, bem como a sua presença global. No Brasil, a fintech se prepara para aumentar sua presença no mercado e crescer sua base de clientes locais.