Sarau, percussão e exposições são atrações na primeira semana de setembro no Memorial Vale
A programação cultural do Memorial Vale desta semana reúne fotografia, sarau literário, literatura indígena e show de percussão. Todas as atrações são gratuitas. No próximo sábado, dia 9 de setembro, às 11h, acontece a abertura da exposição de fotografias “Sob o Mesmo Céu”, de Sylvie Moyen, que apresenta imagens de viagens que ela fez ao Peru, Papua Nova Guiné, Mongólia, Myanmar e Índia. Essa exposição é viabilizada pelo Instituto Cultural Vale.
Também no sábado 9 haverá, às 11h, o Sarau de Poesias Contemporâneas das “Insubmissas”, com a presença das poetas Lara de Paula, Cecília Lobo, Andrezza Xavier e Anna Lages, mediadas por Milca Alves, para recitar poesias e refletir sobre os desafios de se fazer cultura de forma independente.
E a programação do Memorial Vale segue, no domingo, dia 10, às 11h, com o grupo “As Panderista”, que se apresenta com a decana sambista Dona Elisa, em um show de percussão com muito ritmo.
Exposição Araetá
Está em cartaz até 5 de novembro a exposição “Araetá a literatura dos povos originários”, que apresenta a produção literária de 40 diferentes povos dentre as 305 etnias existentes no Brasil. Trata-se de uma produção literária composta por 335 títulos, de 110 escritores, publicados por 120 diferentes editoras brasileiras. É atualmente a maior reunião, em um espaço exclusivo, das produções de literatura indígena no Brasil feitas desde 1998.
Contação de histórias e visita guiada em Araetá
O Educativo do Memorial Vale convida o público a participar de duas ações junto de “Araetá” aos sábados e domingos. Ás 10h30, a equipe do Educativo oferece um momento de contação de histórias a partir dos livros presentes na exposição. Em seguida, às 11 horas, haverá uma visita guiada à exposição, para que os visitantes possam descobrir a riqueza da literatura brasileira protagonizada pelos autores indígenas.
O Memorial Vale, um dos espaços culturais do Instituto Cultural Vale, fica na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, e tem entrada gratuita. Saiba mais em https://memorialvale.com.br/pt/ .
CONFIRA OS DETALHES DA PROGRAMAÇÃO DESTA SEMANA:
DIA 9 (SÁBADO), ÀS 11H, GRATUITO
ABERTURA DA EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIAS “SOB O MESMO CÉU”, DE SYLVIE MOYEN
O Memorial Vale recebe neste sábado, dia 9 de setembro, a partir das 11 horas, a exposição de fotos “Sob o mesmo céu”, de Sylvie Moyen, clicadas quando ela esteve em viagem a países como Peru, Papua Nova Guiné, Mongólia, Myanmar e Índia. Países singulares que estão, ao fim e ao cabo, sob o mesmo céu do planeta. A exposição fica em cartaz até dia 28 de janeiro. O evento integra o projeto Mostra de Fotografia, que tem curadoria de Eugênio Sávio e faz parte da 17ª Primavera dos Museus.
A belo-horizontina Sylvie Moyen, nascida em 1973 e filha de imigrantes, é fascinada por máquinas fotográficas desde criança, por influência do pai, com quem aprendeu a registrar viagens familiares. O núcleo familiar também proveu o contato com a pintura: com a mãe, que tinha um ateliê de pintura, ela aprendeu a misturar e criar cores.
Sylvie cresceu nesse universo criativo e seguiu a verve artística familiar por meio de estudos e ofícios. Ela, que é bacharel em Comunicação Social pela UFMG (1994) e mestre em Belas Artes (MFA) pela Indiana University (Bloomington, 1999), trabalhou por mais de 20 anos como designer gráfica, sem nunca abandonar as câmeras
Ela, que sempre manteve a fotografia como atividade paralela, em 2017 tomou a decisão de migrar definitivamente para a fotografia, unindo duas paixões: viajar pelo mundo e realizar registros poéticos de sua diversidade. Essa exposição, fruto desses encontros culturais que a artista realizou ao escolher a fotografia como protagonista de seu destino, é viabilizada pelo Instituto Cultural Vale. Mais informações em @sylviemoyen .
DIA 9 (SÁBADO), ÀS 11H, GRATUITO
SARAU DE POESIAS CONTEMPORÂNEAS COM AS “INSUBMISSAS”
O Memorial Vale recebe no sábado dia 9 de setembro, às 11 horas, as poetas belo-horizontinas Lara de Paula, Cecília Lobo, Andrezza Xavier e Anna Lages, mediadas por Milca Alves, que, em uma grande roda poética, na qual recitarão suas poesias e refletirão sobre os desafios de se fazer cultura de forma independente em BH. Para participar, é preciso retirar ingressos uma hora antes do evento, pois os lugares são limitados. Haverá tradução em Libras. O evento integra o projeto Convocatória 2022 do Memorial Minas Gerais Vale.
O objetivo principal do projeto é fortalecer o vínculo entre a literatura independente, o hábito de leitura e as experiências vividas pelas mulheres na cidade, fomentando a poesia contemporânea em todos os formatos. Também haverá a intervenção musical de Anna Lages, que é musicista e tocará seu pandeiro, e muita interação com o público.
Sobre as artistas convidadas:
Lara de Paula Passos é mulher negra setelagoana e nascida em 1995. Arqueóloga e multiartista em tempo integral, trabalha artisticamente com videoperformance, declamação de poesia, elaboração de projetos gráficos, cursos de escrita criativa e colagens. É autora do livro “Nuvilíneas (Alecrim Edições, 2021)” e da HQ “Por Um Fio (Kitembo, 2021)”, ilustrada por Will Rez. É mestra e doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia PPGAn-UFMG, onde pesquisa crítica feminista da ciência e colonialidade na arqueologia. Sua dissertação, intitulada “Arqueopoesia: uma proposta feminista afrocentrada pra o universo arqueológico (2020)”, recebeu Menção Honrosa pela Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB). Em seus trabalhos, propõe novas possibilidades de atravessamento entre os universos científicos e poéticos e encara a escrita como uma ferramenta política de cura ancestral.
Cecília Lobo veio ao mundo em uma sexta-feira 13 em Belo Horizonte, Minas Gerais, com muita sorte e talento para escrever. Seu primeiro livro, “Inamáveis”, venceu o prêmio Poesia Incrível de 2019 e foi lançado em dezembro do mesmo ano pela editora Crivo, em parceria com a Fundação Municipal de Cultura da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. O segundo, “Labiríntica”, foi selecionado no edital de publicações literárias da Lei Aldir Blanc no âmbito do estado de Minas Gerais e lançado em maio de 2021. É escritora. produtora cultural e mãe.
Andrezza Xavier éartista em horas vagas e poeta em tempo integral. Tem 30 anos, é mineira de nascença e formada em Biblioteconomia pela UFMG. É artista múltipla, performancer, artesã e CEO na produtora cultural “2z Adornos”. Acredita na poesia como forma de cura e emancipação de todos os corpos. É autora do livro “O avesso é o certo”, com 47 poesias autorais, publicado pela editora “Vienas abertas” em 2021, que foi lançado no Festival de Artes Negras (FAN) da capital.
Anna Lages mescla serenidade e voracidade ao resistir e se fortalecer na união entre o universo artístico e as realidades belas e dolorosas que fazem parte do seu cotidiano como mulher, mãe solo e de origem periférica.
Mediadora:
Milca Alves e designer de Moda, doutoranda em Estudos de Linguagem e idealizadora da produtora cultural “Ler e Ver BH”, que realiza projetos com foco em literatura, moda e audiovisual. Ela dirigiu e roteirizou os curtas “Eu tô morrendo” e “Um grito sem título”.
DIA 10 (DOMINGO), ÀS 11 HORAS, GRATUITO
SHOW AS PANDERISTA CONVIDA DONA ELIZA NO MEMORIAL VALE
O Memorial Vale recebe no domingo (10), às 11 horas, o show “As Panderista”, que contará com a participação da decana sambista Dona Eliza. Será um encontro entre duas gerações de mulheres da música mineira e seus universos que se cruzam nas composições de Dona Eliza (que completa 56 anos de carreira) e de Manu Ranilla, Anna Lages e Luísa de Paula, multiartistas que utilizam o pandeiro para contar suas histórias. A retirada de ingressos é feita uma hora antes do evento, no máximo um par de ingressos por pessoa, pois os lugares são limitados. O evento faz parte do projeto Convocatórias 2022 do Memorial Vale.
As Panderista surgiu em 2016 como um coletivo que tem o objetivo de fortalecer o trabalho das artistas e ensinar mulheres que querem se aprimorar musicalmente por meio de rodas de pandeiro. Com a reunião desses ensejos, as três artistas, condutoras de rodas de samba, criaram seu trio. Composto por Manu Ranilla, pandeirista, tamborzeira, compositora, cantautora e programadora de música editada; Anna Lages, cantora, percussionista e compositora; e Luísa de Paula, atriz, cantora, compositora e percussionista, As Panderista Trio tem o repertório totalmente autoral, com composições que trazem para o público o universo percussivo do pandeiro.
Ana Eliza de Souza, mais conhecida pelo codinome Dona Eliza, é cantora, compositora e intérprete, com mais de 700 músicas autorais. Ela é reconhecida como uma das grandes sambistas do nosso estado: recebeu em 2018 a medalha da Inconfidência Mineira; em 2016 foi agraciada com diploma da Terceira Semana de Ciência, arte e política da Extensão pastoral Universitária da PUC Minas; em 2015, em Ouro Branco, recebeu das mãos da senhora dona Jandira Celia o certificado do Primeiro Encontro de Compositores no Espaço Multicultural Dona Jandira; e em 2017 recebeu na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG)o diploma em comemoração aos 100 anos do Samba.
Exposição em andamento no Memorial vale
Até 5 de novembro – Araetá: a literatura dos povos originários
O Memorial Vale recebe até o dia 5 de novembro a exposição “Araetá: a literatura dos povos originários”, que apresenta a produção literária de escritores indígenas de 1998 até dos dias atuais. Dentre as 305 etnias existentes no Brasil, 40 diferentes povos têm a literatura representada nesta exposição, compondo uma produção literária de 335 títulos de 110 escritores publicada por 120 diferentes editoras brasileiras. Os escritores estão divididos por biomas – Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Mata Atlântica. As produções literárias são fruto das obras de nomes como Ailton Krenak, Davi Kopenawa, Cristino Wapichana, Álvaro Tukano, Daniel Munduruku, André Baniwa, Yaguarê Yamã, Márcia Kambeba, Auritha Tabajara, Graça Graúna, Kaká Werá Jekupé, Olívio Jekupé, Werá Jeguaka Mirim e Maria Kerexu, Gleycielli Nonato e Marcos Terena, entre outros.
Partindo de uma catalogação da literatura de autoria indígena no Brasil, a exposição, apresentada pelo Instituto Cultural Vale e pelo Ministério da Cultura, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, contempla livros escritos e narrados por indígenas em língua portuguesa e nativa, apresentando ao público um acervo nunca antes reunido.
Araetá tem curadoria de Ademario Payayá, escritor e educador, e Selma Caetano, gestora cultural à frente do Prêmio Oceanos, uma das maiores premiações de literatura em Língua Portuguesa do mundo. A consultoria literária é do escritor Daniel Munduruku e do linguista e professor Ariabo Kezo, que faz a narrativa de apresentação do percurso expositivo.
A exposição
A exposição é composta por duas salas que formam um percurso da produção literária indígena no Brasil, mas não só. Ao lado dos livros expostos há vídeos, áudios, fotografias e ilustrações que revelam ao visitante o contexto em que vivem os autores, seus territórios, lutas e cultura.
Muito se escreveu e se escreve sobre os povos originários, mas Araetá aposta no protagonismo dos escritores indígenas para contar e atualizar sua própria história. “Esta exposição reúne os nomes mais influentes e importantes entre escritores e pensadores das questões e arte indígena da atualidade. A literatura permite que os indígenas falem por si e mostrem suas cosmovisões e sua atuação na preservação dos seus territórios”, observa o diretor do Memorial Vale, Wagner Tameirão.
Além das obras literárias, o público poderá ver ilustrações, vídeos e fotografias feitas nas aldeias pelos indígenas ou para os indígenas, por nomes como Sebastião Salgado, Maureen Bisilliat, Alice Arida, Denilson Baniwa, Cleber Kronun de Almeida (fotógrafo e cineasta do povo Kaingang), Richard Werá Mirim (do povo Guarani) e João Farkas, entre outros.
A literatura indígena
A publicação de livros com autoria indígena é um fenômeno relativamente recente. Na década de 1970, a escritora Eliane Potiguara mimeografou e publicou inúmeras poesias e cartilhas didáticas. Uma década depois, Umúsin Panlõn Kumu e Tolamãn Kenhíri, do povo Desana, publicaram oficialmente o primeiro livro de autoria indígena, “Antes o mundo não existia”. De lá para cá, muita coisa aconteceu e a exposição se propõe a retratar o cenário da literatura indígena que vem se formando desde então.
“Já se disse que os povos indígenas são de tradição oral e que, por conta disso, não podem, não sabem e não precisam fazer literatura. Tal afirmação se justifica dentro de um entendimento antigo que não compreende ou não quis compreender a dinâmica da cultura humana: ela está em movimento. Engana-se, portanto, quem acredita que os povos indígenas são humanos presos a um passado ancestral e que sua existência se deve a um permanente apego ao já vivido”, diz Daniel Munduruku.
Salvaguarda da cultura indígena
A exposição faz parte de um conjunto de iniciativas do Instituto Cultural Vale pela preservação e valorização das culturas indígenas. No dia 26 de setembro, o Centro Cultural Vale Maranhão abrirá ao público a exposição “Maranhão: Terra Indígena”, panorâmica que apresentará os povos indígenas do estado por meio da sua produção de artefatos e artes ancestrais, com uma imersão do público em seus modos de vida por meio de objetos, mapas, fotos e vídeos. A exposição contará também com filmes produzidos no projeto Vidas Indígenas Maranhão, realizado pelo Museu da Pessoa com patrocínio do Instituto Cultural Vale: no projeto, jovens dos povos Ka’apor, Awa-Guajá e Guajajara receberam formação em produção audiovisual e metodologias de preservação de memória. Assim, eles se tornaram “Guardiões da Memória” de histórias de vida de suas aldeias. Como um dos legados do projeto, os equipamentos de filmagem e computadores são doados para as comunidades.
Serviço: Memorial Minas Gerais Vale
Endereço: Praça da Liberdade, nº 640, esquina com Rua Gonçalves Dias, Savassi.
Horário de funcionamento: Terça, quarta, sexta e sábado: das 10h às 17h30, com permanência até as 18h. Quinta, das 10h às 21h30, com permanência até as 22h. Domingo, das 10h às 15h30, com permanência até as 16h. Entrada Gratuita
Memorial Minas Gerais Vale
O Memorial Minas Gerais Vale, um dos espaços culturais do Instituto Cultural Vale, já recebeu mais de 1,1 milhão de pessoas, de todos os lugares do Brasil e de outros continentes. São mais de 1.600 eventos realizados e cerca de 200 mil pessoas em visitas mediadas. Integra o Circuito Liberdade, em Belo Horizonte, um dos maiores complexos de cultura do Brasil. Caracterizado como um museu de experiência, com exposições que utilizam arte e tecnologia de forma intensa e criativa, é um dos vencedores do Travellers’ Choice Awards do TripAdvisor. Na curadoria e museografia de Gringo Cardia, cenários reais e virtuais se misturam para criar experiências e sensações que levam os visitantes do século XVIII ao século XXI. Mais que um espaço dedicado às tradições, origens e construções da cultura mineira, o Memorial é um lugar de trânsito e cruzamento entre a potência da história e as pulsações contemporâneas da arte e da cultura, onde o presente e o passado estão em contato direto, em permanente renovação. É vivo, dinâmico, transformador e criador de confluências com artistas independentes e com diversos segmentos da cultura mineira.