Nova exposição da CâmeraSete exalta a cultura dos povos amazônicos
Nova exposição da CâmeraSete exalta a cultura dos povos amazônicos
Exposição “Sairé” traz registros de festival que acontece anualmente em Alter do Chão, no Oeste do Pará
O mês de abril é conhecido pela celebração dos povos indígenas no Brasil, tendo o dia 19 destacado para a reflexão e preservação da cultura desses grupos. Exaltando as contribuições das pessoas indígenas para a construção da identidade brasileira, a CâmeraSete – A Casa de Fotografia de Minas Gerais recebe, de 9 a 30 de abril, a exposição “Sairé”. O nome se refere ao tradicional festival de mesmo nome, que é realizado sempre no mês de setembro, na vila de Alter do Chão, no oeste do Pará. A celebração é uma manifestação folclórico-religiosa, que incorpora o louvor ao Divino Espírito Santo – da tradição cristã –, os elementos da natureza e o folclore indígena. A curadoria das obras é assinada pelo fotógrafo, artista e expositor Alexandre Baena, que expõe 14 fotografias no espaço da CâmeraSete. A entrada é gratuita.
O Sairé é uma festa que acontece anualmente em Alter do Chão, durante uma semana, com origem no século XVII. Em seu princípio, era um ritual indígena, mas foi adaptado pelos jesuítas com o intuito de catequizar os povos que residiam nas Américas. Atualmente, ele reúne tradições do povo borari, costumes dos povos ribeirinhos e influências religiosas católicas. Em 1943, a festa foi proibida pelos franciscanos, sendo retomada mais de vinte anos depois, quando os moradores da vila resolveram resgatar a celebração como uma manifestação folclórica, desvinculada da Igreja Católica e celebrada novamente pelo povo borari junto com a festa de Nossa Senhora da Saúde, padroeira da região. A exposição já passou por outras duas cidades antes de Belo Horizonte, Brasília e Curitiba.
O sagrado e o profano – O festejo tem início de forma simbólica, com a busca dos mastros às margens do Rio Tapajós. Este ritual tem como significado a conexão entre o homem, a natureza e o sagrado. Marcando o sincretismo presente no evento, são realizadas procissões, missas e rituais, como o beija-fita e as ladainhas. O encerramento é marcado pelo Festival dos Botos, incorporado a partir de 1998. Na apresentação, o Boto Cor de Rosa e o Boto Tucuxi disputam entre si pela atenção do público e jurados, encenando a lenda amazônica, de forma semelhante à disputa dos bois em Parintins.
No folclore, a lenda do boto se refere à transformação desse animal em homem. Em certa ocasião, ele seduz e engravida Cunhantã-iborari, uma mulher que nadava no Lago Verde. Irado com a situação, seu pai, o Tuxaua, manda que o golfinho amazônico seja morto. Contudo, os espíritos da natureza descarregam a sua fúria no homem, que pede ao Pajé que o boto seja ressuscitado. A sua encenação, no festival, é uma forma de celebrar a floresta e a preservação do meio-ambiente.
“Estamos percorrendo os caminhos que vão além das fronteiras territoriais do município de Santarém, divulgando a cidade, a festividade, a grandiosidade com seu expressivo público que todos os anos participa da festa, a itinerância começou por Brasília, foi ao Paraná em Curitiba e agora chegando a Minas Gerais, depois seguimos para a Bahia, Amazonas, Pará e Santarém, para ser montada durante a festividade do Sairé em 2025”, explica o fotógrafo.
Índígenas no Brasil
Segundo o Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, o Brasil registrou à época 305 etnias indígenas diferentes. Em um estudo realizado em 2022, foi destacado que mais da metade desses povos vivem na Amazônia Legal.
Exposição Sairé
Abertura: 08/04/2025, às 19h
Período expositivo: 09/04/2025 a 30/04/2025
Horário: terça a sábado de 09h30 às 21h.
Local: CâmeraSete – Casa de Fotografia de Minas Gerais
(Avenida Afonso Pena, 737, Centro)
Classificação indicativa: Livre
Entrada gratuita
Informações para o público: (31) 3236-7307 / www.fcs.mg.gov.br
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