Palácio das Artes inaugura a exposição “Lorenzato: Imaginação Criativa”
Mostra apresenta 178 obras do pintor brasileiro de ascendência italiana, trazendo um panorama deste que é considerado um dos principais nomes da história das artes plásticas brasileiras
“Não tem escola, não segue tendências. Pinta o que lhe dá na telha”. Assim se definia o pintor mineiro Amadeo Lorenzato (1900-1995), que será homenageado com a exposição Lorenzato: Imaginação Criativa no principal espaço expositivo do Palácio das Artes, a Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, de 26 de abril a 31 de agosto. Com curadoria de Tadeu Bandeira, a mostra traz obras de acervo de três colecionadores e traz um panorama da trajetória do artista, organizada pelos tipos de paisagem retratados, os suportes explorados por ele em diversos períodos. Cada vez mais aclamado pelo público e entre especialistas, Lorenzato não viu, em vida, seu reconhecimento artístico se converter em ganhos financeiros significativos. A exposição tem entrada gratuita, de terça a sábado de 9h30 às 21h e nos domingo e feriados, de 17h às 21h.
Entre pinturas sobre telas, placas de cimento, aquarelas e desenhos, o público faz um passeio por 178 obras, pertencentes às coleções de Manoel Macedo, Ricardo Homen e Rodrigo Ratton, admiradores e pesquisadores do trabalho do artista. Além das obras, vitrines contendo livros e catálogos editados ao longo da carreira artística dividem espaço com jornais de época e cartas manuscritas de familiares de Lorenzato. Destaque para uma pintura sem título, cujo suporte é um cavalete de vidro desenhado pela arquiteta e artista Lina Bo Bardi. A pintura integrou a 60ª exposição internacional de arte La Biennale di Venezia, “Straniere Ovunque”, ou “Estrangeiros por toda parte”, com curadoria do brasileiro Adriano Pedrosa, inaugurada em abril de 2024. Outra obra de relevo são os célebres dizeres de Lorenzato que ficarão no verso de outro quadro, instalado perpendicularmente à parede, possibilitando ao visitante apreciar tanto a pintura, quanto o depoimento.
A exposição “Lorenzato: Imaginação Criativa” é realizada pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm a Cemig como mantenedora, Patrocínio Master do Instituto Cultural Vale e Grupo FrediZak, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e correalização da APPA – Cultura & Patrimônio. O Palácio das Artes integra o Circuito Liberdade, que reúne 35 equipamentos com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. A ação é viabilizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Vale-Cultura. Governo Federal, Brasil: União e Reconstrução.
Acessibilidade e ações educativas — Aberta a todos os públicos, a exposição tem recursos de acessibilidade: audiodescrição dos textos expostos e de cinco pinturas, além de piso tátil para pessoas cegas. Na PQNA Galeria Pedro Moraleida, o Educativo do Palácio das Artes manterá ações durante o período expositivo. Visitas guiadas e oficinas de criação inspiradas pelo trabalho de Lorenzato vão explorar diferentes técnicas, materiais e procedimentos, complementando a fruição do trabalho. A imaginação criativa chega também ao público, abastecido de instrumentos e repertório para se aproximar do universo de Lorenzato — um artista de caminho singular, que retratou com afinco o cotidiano de Belo Horizonte. Aprofundando essa aproximação, também na PQNA Galeria, passará, durante o período expositivo, um documentário sobre a obra do artista.
Tairine Pena, gerente de Artes Visuais da Fundação Clóvis Salgado, explica a relevância de receber essa curadoria diversa, com abertura a todos os públicos. “Amadeo Lorenzato foi um artista plural, de vida e obra plurais. Não poderíamos abrigar seu trabalho sem abarcar essa riqueza e oferecê-la para os diversos públicos que frequentam o Palácio das Artes. A trajetória desse artista nos inspira, sua origem simples e sua devoção ao cotidiano acentuaram nossa necessidade de fazer com que ele esteja acessível a todos”, afirma.
Das paredes às telas — Nascido em 1900, de pais operários italianos que imigraram para o Brasil, Amadeo Luciano Lorenzato cresceu em uma Colônia Agrícola do Barreiro, em Belo Horizonte. E foi como obreiro e pintor de paredes que tirou seu sustento até os anos 1950. Apesar de ter passado por breve formação em artes visuais na Itália, quando a família retornou ao Brasil, durante o período da Segunda Guerra Mundial, Lorenzato não se filiou a nenhuma escola, tampouco fez esforço de catalogação de seu trabalho. As datas de composição e a reunião em fases de pintura vieram a ser estipuladas depois, por especialistas que agrupam as obras pelas características expressivas.
Apesar da inclinação autodidata, Lorenzato conviveu e viajou pelo Leste Europeu com outros artistas que o influenciaram, transformando seu trabalho. Essa diversidade pode ser encontrada nos 15 núcleos temáticos nos quais se organiza a exposição: A Técnica do Cimento, Cenas Tropicais, O Emaranhado de Arabescos, A Alvorada e O Ponte, O Anoitecer, Chaminés e Paisagens Urbanas, Tendência Geométrica, Frutos e Flores, A Linha Futurista, Cenas de Família, Composições Abstratas, A Favela, O Meio Ambiente, As Aquarelas, Temas Inusitados e Materiais Descartados.
Para Tadeu Bandeira, curador da exposição, “as fases artísticas de Lorenzato são fluídas, com tomadas e retomadas de expressões e temas, todas elas matizadas pelas experiências que angariou nas suas andanças pelo continente europeu e pela sua grande e frutífera permanência no Brasil, nesta cidade que, mais uma vez, presta a ele uma homenagem”.
FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS. A instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado é responsável, ainda, pela gestão do Circuito Liberdade, do qual fazem parte o Palácio das Artes e a CâmeraSete. Em 2021, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todas as pessoas.
Lorenzato: Imaginação Criativa
Abertura: 26/04/2025, às 11h
Período expositivo: 26/04/2025 a 31/08/2025
Horário: Terça a sábado de 09h30 às 21h, domingo de 17h às 21h
Local: Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard
(Avenida Afonso Pena, 1537, Centro)
Classificação indicativa: Livre
Entrada gratuita
Informações para o público: (31) 3236-7307 / www.fcs.mg.gov.br